Você já falou de algum produto perto do celular e, assim que abriu uma rede social, esse produto estava lá como anúncio? Seu celular estaria lhe espionando? A resposta é não.
Seu smartphone e seu computador não estão lhe espionando, segundo Guilherme Neve, especialista em Segurança Cibernética e professor do curso na pós-graduação da UniCarioca.Neve. Ele explica que não é normal o smartphone “escutar” conversas e se isso ocorre, provavelmente, o celular ou computador estão com vírus.
Mas por que aparecem anúncios logo após comentários sobre algum produto? A resposta é simples: tem relação com as permissões que são feitas quando se instala um aplicativo. Ao baixar um serviço gratuito no smartphone, a pessoa concorda com alguns termos para que o aplicativo funcione normalmente, como permissão para acessar câmeras, fotos, áudios e até mesmo a localização. E, é nesse momento que, se autoriza o celular a “espionar”.
Quando estamos em uma rede social, o Instagram, por exemplo, e visualizamos e exploramos o perfil de uma loja, automaticamente, o sistema irá entender que nos interessamos por aquele produto. “E, assim as redes sociais vão fazendo as recomendações e atualizando o perfil, oferendo cada vez mais produtos e ampliando os interesses”, afirma Neves.
“Os anúncios podem aparecer até quando estamos deslizando o feed e passando o dedo em cima de algum produto ou serviço, ou quando paramos em frente de uma loja, pois, os aplicativos têm acesso à sua câmera, e, então, deduz que você prefere aquela loja”, diz Neves.
Mas, e quando o smartphone escuta algo que a pessoa disse em um ambiente e não pesquisou sobre ele? “Provavelmente, esse celular está infectado, com um vírus, e, aí sim, isso é possível”, explica.
Como o computador detecta minhas prioridades?
Quando entramos em um site, ou pesquisamos alguma mercadoria, os cookies, informação que um servidor web armazena temporariamente, começam a “pegar” nossos rastros digitais. Desde um clique em um produto ou até mesmo uma passada do mousse por cima, eles guardam nossas preferências. “Se você notar, quando você entra em um site de compras, por exemplo, sai e retorna, no final da página, aparece sugestões do que outras pessoas estão comprando, caso se interesse, um novo perfil da pessoa é traçado por aquele site”, afirma.
O professor ressalta que é muito importante ler o contrato de aplicativos antes de fazer sua instalação e verificar o que está permitindo ele ter acesso, pois, ao liberar o programa, você pode estar disponibilizando seu número de telefone para propagandas de telemarketing ou até mesmo autorizando a venda de seus dados, como foi o caso do aplicativo FaceApp. “Se você não está pagando pelo produto, o produto é você”, finaliza Neves.