O rio São Francisco vai continuar cheio nos trechos Submédio e Baixo por tempo indeterminado. Nesta terça-feira (1º), a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) informou que a vazão praticada a partir das hidrelétricas de Sobradinho (BA) e Xingó (SE), será mantida em 4.000 metros cúbicos por segundo (m³/s) até nova análise, sem data prevista de redução desse patamar.
A Chesf enviou informativo oficial no início da tarde para prefeituras, defesas civis, comitês, associações, entre outras entidades e usuários. Pela manhã foi realizada Reunião de Acompanhamento das Condições de Operação do Sistema Hídrico do Rio São Francisco, coordenada pela Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA), com a participação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e outros órgãos que atuam na bacia.
A avaliação foi de que as previsões meteorológicas apresentadas foram de permanência de chuvas nas próximas semanas no Alto São Francisco, em Minas Gerais, e em parte da Bahia. Dessa forma, os reservatórios precisam continuar operando no regime de controle de cheias.
Os reservatórios principais da Chesf no Rio São Francisco, Sobradinho e Itaparica (PE), estão acumulando água. Entretanto, seguindo normas e diretrizes para operação de controle de cheias, a Companhia precisa respeitar o chamado “volume de espera”, considerando que as chuvas na Bacia Hidrográfica do Velho Chico seguem até abril, quando se encerra o período úmido.
A vazão de 4.000 m³/s, pelas regras estabelecidas, é a metade do valor máximo que a Chesf pode liberar de água e, portanto, é fundamental que a calha do rio seja mantida desocupada. “Estamos permanentemente avaliando a situação e qualquer alteração será divulgada com antecedência, como temos feito”, declarou o diretor de Operação da Companhia, João Henrique Franklin.
De acordo com a Chesf, o volume do reservatório de Sobradinho está quase em 69%. A afluência atual é de 5.300 m³/s e vai aumentar mais um pouco com o avanços das águas nos próximos dias.
Patrimônio Ameaçado
Na cidade de Pão de Açúcar, em Alagoas, uma das mais importantes embarcações do rio São Francisco está debaixo d’água, a Canoa de Toldas Luzitânea estava encalhada em um banco de areia e tombou com o aumento da vazão das hidroelétricas.
A Justiça Federal de Sergipe atendeu pedido de ONG proprietária da embarcação e determinou que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) proceda o resgate, guarda e recuperação da canoa, tombada como patrimônio histórico da humanidade.
Cheia
A cheia do rio São Francisco é uma das maiores das últimas décadas. Nesta terça-feira (2), um novo pico foi registrado em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, onde o nível do rio chegou a 9,16 metros (m). No domingo (30), a estação do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) já havia registrado pico de 9,13 m e apresentado estabilidade, porém voltou a subir e superou a marca em mais 3 centímetros.
Com tendência de estabilidade em Bom Jesus da Lapa, o Velho Chico ainda deve subir mais alguns centímetros em Ibotirama e nas demais cidades mais abaixo, até o reservatório de Sobradinho.
Três Marias
A Hidroelétrica de Três Marias continua com comportas abertas, porém em patamar menor, diminuindo de 3.000 m³/s para 2.200 m³/s. A Cemig, responsável pela operação, chegou a anunciar que fecharia todas as comportas até sexta-feira (4), porém reavaliou a decisão diante da previsão de mais chuvas no Alto São Francisco. Via Agência Sertão