Após forte queda na produção de minério, ocasionada pela tragédia ocorrida em Brumadinho (MG), em janeiro deste ano, a Vale ficou mais um trimestre com perdas. Mas demonstra sinais de recuperação. Em balanço divulgado nesta quarta-feira (31), a empresa fechou o segundo trimestre do ano com prejuízo líquido de R$ 384 milhões, número melhor do que os R$ 6,4 bilhões de rombo dos três meses anteriores.
A empresa creditou o prejuízo por provisões adicionais relacionadas à ruptura da barragem de Brumadinho (R$ 5,9 bilhões), ao descomissionamento da barragem de rejeitos de Germano (R$ 993 milhões) e à Fundação Renova (R$ 1,4 bilhão).
A tragédia de Brumadinho ocorreu no dia 25 de janeiro, deixando um rastro de destruição na região e levando a aumento nas restrições para a operação de barragens de rejeito de minério no país. Até o momento, as autoridades contabilizam 237 mortos e 33 desaparecidos.
Os impactos financeiros da ruptura da barragem levaram a empresa a fechar dois trimestres consecutivos de perdas, segundo a Vale analisou em seu balanço.
A companhia apontou geração de caixa de R$ 8,4 bilhões no período correspondente a abril, maio e junho de 2019. “Permitiu a retomada de nossa trajetória de redução de dívida e fortaleceu nosso balanço ainda mais”, analisou a empresa no documento.
A dívida bruta no segundo trimestre de 2019 chegou a R$ 60 bilhões no dia 30 de junho, diminuindo R$ 5 bilhões com relação a três meses antes. A Vale creditou isso aos pagamentos de dívidas relacionadas às novas linhas de crédito do primeiro trimestre.
A empresa comemorou decisão da Vara da Fazenda Pública de Belo Horizonte, que permitiu a Vale substituir o bloqueio de R$ 5 bilhões por outras garantias distintas. Um acordo com o Ministério Público de Minas Gerais também autorizou a liberação de R$ 1,6 bilhão do montante, o que deve ocorrer até agosto.
No balanço, a empresa anunciou o avanço em acordos preliminares para o pagamento de 104.686 indenizações emergenciais, 263 acordos trabalhistas assinados para indenizar famílias de trabalhadores que perderam suas vidas na tragédia e 188 acordos individuais de indenização assinados. A companhia pretende acelerar os acordos no próximo trimestre.
“Nossa resposta (ao rompimento da barragem) começou a dar frutos para garantir a segurança das pessoas e das operações da empresa, bem como para reduzir incertezas e entregar resultados sustentáveis com um portfólio de produtos de alta qualidade, que já serão refletidos no próximo trimestre”, disse o diretor-presidente Eduardo Bartolomeo.
“Assinamos 15 acordos com entidades federais, estaduais e municipais para estabelecer um quadro jurídico estável à reparação”, acrescentou a Vale. A empresa apontou que os acordos incluem serviços e doações, construção de novos sistemas de captação de água na cidade de Pará de Minas, iniciativas para proteger a fauna e a flora e auditores externos para revisar estruturas da companhia.