A Rússia pode usar armas nucleares se a contraofensiva da Ucrânia for bem-sucedida, disse o vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitry Medvedev.
“Imaginem que a ofensiva, em conjunto com a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], deu certo e acabou com a retirada de parte do nosso território. Então, teríamos que usar armas nucleares em virtude das estipulações do Decreto Presidencial Russo”, disse Medvedev em uma mensagem no Telegram, no domingo (30).
“Simplesmente, não haveria outra solução”, declarou o ex-presidente russo. “Nossos inimigos devem rezar a nossos combatentes para que não permitam que o mundo seja destruído por chamas nucleares”, prosseguiu.
Medvedev, que foi presidente da Rússia de 2008 a 2012, adotou um tom belicoso durante a invasão de Moscou à Ucrânia, repetidamente levantando o espectro de um conflito nuclear.
Em abril, ele alertou sobre a expansão nuclear russa caso a Suécia e a Finlândia se juntassem à Otan. Helsinque ingressou na aliança militar no final daquele mês, enquanto o caminho de Estocolmo para a adesão à Otan foi aberto no início de julho, depois que a Turquia retirou suas objeções.
Em setembro, Medvedev disse que armas nucleares estratégicas poderiam ser usadas para defender territórios incorporados à Rússia da Ucrânia. E em janeiro, enquanto os Estados membros da Otan debatiam novos envios de armas para a Ucrânia, Medvedev disse que a derrota da Rússia na guerra poderia levar a um conflito nuclear.
Os comentários de Medvedev no domingo novamente levantam a possibilidade de que a Rússia poderia potencialmente perder a guerra após quase 18 meses de desgaste – uma admissão rara de um alto funcionário russo.
Os comentários também vieram poucas horas depois que o Ministério da Defesa da Rússia acusou Kiev de atacar Moscou com drones. Três drones foram interceptados no domingo, mas um empreendimento comercial no oeste da capital russa foi atingido.
Retórica nuclear
Os Estados Unidos já alertaram a Rússia contra o uso de armas nucleares na Ucrânia, tanto por meio de comunicações diretas privadas quanto por canais públicos, inclusive na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
No mês passado, Putin disse que a Rússia havia transferido um primeiro lote de armas nucleares táticas para Belarus, alegando que elas foram colocadas lá para “dissuasão”.
No Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, Putin disse que o restante das armas nucleares táticas que a Rússia pretende transferir para Belarus serão enviadas “até o final do verão ou até o final do ano”.
A Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos disse que “não há razão para duvidar” da afirmação de Putin de que há armas nucleares em Belarus.