O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou neste domingo (10) sua renúncia pela televisão. Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, o agora ex-presidente, que chegou ao cargo em janeiro de 2006, oficializou saída, para evitar aumento da violência no país. O anúncio veio horas depois que o comandante das Forças Armadas da Bolívia, Williams Kaliman, havia pedido que Morales renunciasse ao cargo.
Conforme informações do jornal boliviano ‘El Deber’, a permanência de Moralez no poder foi abalada porque o relatório preliminar da Organização dos Estados Americanos (OEA), que audita as eleições de 20 de outubro, havia estabelecido irregularidades importantes na contagem de votos, o que gerou protestos por parte da oposição e da população.
“Por que decidi essa renúncia, para que [Carlos] Mesa e [Luis Fernando] Camacho não continuem perseguindo meus irmãos, líderes sindicais, para que Mesa e Camacho não continuem sequestrando e maltratando os parentes de nossos líderes sindicais como irmão Teodoro Mamani em Potosí. Para que não continuem prejudicando comerciantes e transportadores que não saem do trabalho em Santa Cruz ”, afirmou Evo, confirmando sua decisão
Morales acrescentou que sua renúncia é pela pacificação do país, para que os confrontos entre bolivianos não continuem. Em quase toda a sua entrevista coletiva, ele citou Carlos Mesa – candidato à Comunidade do Cidadão e oposição de Evo – e Luis Fernando Camacho, presidente do Comitê de Santa Cruz, que liderou a resistência com uma greve por tempo indeterminado.
“Espero que Mesa e Camacho tenham entendido minha mensagem, pedindo a eles e a outros comitês civis que não maltratem irmãs e irmãos, não prejudiquem, não enganem com mentiras, não usem as pessoas com pré-agenda para prejudicar o povo boliviano. Eu disse a todos os bolivianos e ao mundo inteiro para saber como os grupos oligárquicos conspiram contra a democracia. É histórico, inédito, no entanto, tenho a obrigação de buscar a paz ”, acrescentou.
Conforme a Agência Brasil, Evo havia anunciou a realização de um novo pleito nacional, na manhã de hoje (10), em data que ainda iria ser definida. “Decidi convocar novas eleições nacionais que, mediante o voto, permita ao povo boliviano eleger democraticamente a suas novas autoridades, incorporando novos atores políticos [ao processo político]”, disse Morales ao anunciar sua decisão, porém, o povo boliviano foi surpreendido com a renúncia
O ex-presidente Boliviano também anunciou que iria substituir os atuais membros do Tribunal Superior Eleitoral. “Nas próximas horas, a Assembleia Legislativa Plurinacional, de acordo com todas as forças políticas, estabelecerá os procedimentos para isto”.
De acordo com a imprensa boliviana, nas últimas horas, houve ataques a residências, incluindo de familiares de Morales, e prédios públicos. No Twitter, Morales denunciou que “fascistas” incendiaram a casa dos governadores de Chuquisaca y Oruro, e também de sua irmã, Esther Morales, em Oruro. Emissoras de rádio e TV estatais, como a Bolívia TV, foram alvo de protestos. Há informações ainda não confirmadas de que Evo deixou La Paz, capital boliviana, e iria pedir refúgio na Argentina.