Partido Liberal já trabalha com cenário de cassação de Carla Zambelli

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Zambelli já tem um inquérito aberto na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, solicitado pelo PSB. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados/Divulgação

O Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, já trabalha com um cenário de cassação do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

E não fará nenhum esforço para defender a parlamentar, alvo de uma operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (2), que cumpriu mandados de busca e apreensão.

Zambelli já tem um inquérito aberto na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, solicitado pelo PSB.

O partido acusa a deputada de quebra de decoro parlamentar, por ter xingado e constrangido o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) durante audiência com o ministro da Justiça, Flávio Dino.

A avaliação é que a operação desta quarta complica ainda mais a situação de Carla Zambelli. De acordo com a cúpula do PL, a parlamentar perdeu apoio entre seus colegas desde o ano passado, quando, na reta final da eleição presidencial, perseguiu um jornalista com arma em punho.

O ex-presidente Jair Bolsonaro diz que perdeu votos com o episódio. Os documentos da operação podem engrossar o inquérito contra Zambelli na Câmara dos Deputados.

A operação da PF prendeu ainda o hacker da “Vaza Jato”, Walter Delgatti, que já vinha negociando uma delação premiada. Delgatti foi o responsável por inserir no sistema informatizado do Conselho Nacional de Justiça um falso mandado de prisão contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. O hacker já teria admitido que foi o responsável pela inclusão do documento e que agiu a pedido da parlamentar.

A eventual delação dele preocupa aliados de Bolsonaro. No ano passado, a deputada Carla Zambelli levou Delgatti, responsável por invadir telefones de autoridades envolvidas na Lava Jato, para uma reunião com o ex-presidente e também com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Ele teria dito que conseguiria invadir o sistema do TSE e alterar o resultado da eleição.

Agora, em uma delação, Delgatti pode revelar exatamente o conteúdo da conversa com Bolsonaro, quanto teria recebido da deputada Carla Zambelli e os serviços ilegais que teria praticado a pedido da parlamentar.

O caso

Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Zambelli, incluindo o apartamento funcional e o gabinete da deputada em Brasília. Já Delgatti foi preso durante o cumprimento de um mandado de prisão preventiva.

A operação, autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, foi denominada de 3FA e tem como objetivo investigar invasões no sistema informatizado do Poder Judiciário.

Durante a ação, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva no Estado de São Paulo e três de busca e apreensão no Distrito Federal.

O ministro do Supremo determinou a apreensão do passaporte, de armas, celulares e computadores de Zambelli, além de bens acima de R$ 10 mil, “desde que não comprovada cabalmente, no local dos fatos, a origem lícita”.