
O Papa Emérito Francisco faleceu nesta segunda-feira, 21 de abril, aos 88 anos. O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano, que emitiu uma nota oficial comunicando a triste notícia. O velório ocorrerá na Basílica de São Pedro e o funeral será realizado na Praça de São Pedro, em uma cerimônia que reunirá milhares de fiéis de todo o mundo.
Em sua declaração, o cardeal Farrell destacou o legado de Francisco: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”
O Papa Francisco estava internado desde fevereiro no hospital Gemelli, em Roma, devido a uma bronquite que evoluiu para uma pneumonia bilateral. Em 20 de fevereiro, o jornal Il Giornale d’Italia informou que Francisco estava em estado grave e havia recebido a extrema-unção. Apesar de lutar pela vida, o pontífice não resistiu.
Jorge Mario Bergoglio, nome de nascimento de Francisco, nasceu em Buenos Aires, na Argentina, no dia 17 de dezembro de 1936. Filho de imigrantes piemonteses, Francisco cresceu em um ambiente de classe média, onde desenvolveu um grande senso de justiça social e compaixão pelos mais necessitados.
Antes de seguir a vocação sacerdotal, Bergoglio se formou em técnico químico. Sua caminhada religiosa começou no seminário diocesano de Villa Devoto e, em 1958, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus. Depois de completar seus estudos humanísticos no Chile, ele retornou à Argentina, onde obteve sua licenciatura em filosofia.
Em 1969, foi ordenado sacerdote e, em 1970, graduou-se em teologia. Durante os anos 70 e 80, trabalhou como professor de filosofia e teologia em escolas de Buenos Aires. Entre 1973 e 1979, liderou a ordem jesuíta na Argentina durante um período de grande violência política causada pela ditadura militar.
Em 1992, Francisco foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires e, em 1998, arcebispo primaz da Argentina. Seu trabalho pastoral era focado nas classes populares, com visitas regulares às comunidades mais pobres e marginalizadas, além de denunciar as injustiças sociais e econômicas do país.
Em 2001, foi nomeado cardeal pelo Papa João Paulo II. A eleição de Bergoglio para o papado aconteceu após a renúncia do Papa Bento XVI em 2013. Quando os cardeais se reuniram para o conclave, Francisco emergiu como uma figura consensual e, no dia 13 de março de 2013, foi eleito o 266º Papa da Igreja Católica.
Ao adotar o nome de Francisco, Bergoglio fez uma referência a São Francisco de Assis, santo conhecido pela sua simplicidade e dedicação aos pobres. Ele se tornou o primeiro Papa latino-americano, o primeiro jesuíta a ocupar o cargo e o primeiro Papa a adotar o nome Francisco, rompendo com as tradições do papado.
Uma das marcas de seu pontificado foi a simplicidade. Ele optou por viver na Casa Santa Marta, ao invés de morar no luxo do Palácio Apostólico. Além disso, Francisco foi um defensor incansável dos pobres, fazendo questão de estar próximo das pessoas em situação de vulnerabilidade, além de lutar pela justiça social e pela paz mundial.
Em sua primeira viagem internacional, em 2013, o Papa Francisco esteve no Brasil, onde participou da Jornada Mundial da Juventude, evento que reuniu mais de um milhão de jovens na cidade do Rio de Janeiro. Seu pontificado foi marcado por gestos de acolhimento, reforma na Igreja e um foco renovado na misericórdia.
O Papa Francisco também enfrentou desafios internos na Igreja, incluindo escândalos de abusos sexuais e conflitos sobre temas como o casamento e a aceitação das comunidades LGBTQI+. Sua postura conciliadora e aberta a mudanças causou tanto apoios quanto críticas dentro e fora da Igreja.
A morte do Papa Francisco representa o fim de uma era marcada por sua liderança carismática e compromisso com os mais necessitados. A Igreja Católica, os fiéis e o mundo em geral se despedem de um pontífice que quebrou barreiras e representou uma figura de grande proximidade com as pessoas, especialmente os marginalizados.