Humanidade enfrenta ‘espiral de autodestruição’, adverte ONU

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Via A Tarde

Policiais retiram moradores da cidade de Abuyog, sul das Filipinas – Foto: Philippine Coast Guard (PCG) | AFP

A ação humana sobre o clima contribui para o aumento das catástrofes no mundo, adverte a ONU, pedindo que se detenha essa “espiral de autodestruição” que a humanidade enfrenta.

Em um novo relatório que será publicado nesta terça-feira, 26, o Escritório das Nações Unidas para a Redução dos Riscos de Catástrofes destacou que estes aumentam rapidamente no mundo devido às mudanças climáticas, provocadas pelas ações humanas e por uma gestão de riscos inadequada.

O informe revela que entre 350 e 500 catástrofes de média e alta magnitude ocorreram a cada ano nas últimas décadas.

O custo destas catástrofes alcançou, em média, cerca de 170 bilhões de dólares ao ano na última década.

O número de catástrofes, inclusive episódios de seca, temperaturas extremas e inundações, deveria aumentar para 560 a cada ano, ou seja, 1,5 ao dia, até 2030, pondo em risco as vidas de milhões de pessoas. Em 2015, foram registradas 400.

“O mundo deve fazer mais para integrar o risco de catástrofe na nossa forma de viver, construir e investir”, ressaltou a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, na apresentação do relatório.

A encarregada chamou a comunidade internacional à responsabilidade e tirar a humanidade dessa “espiral de autodestruição”.

“Devemos transformar nossa complacência coletiva em ação. Juntos, podemos reduzir o ritmo dos desastres que podem ser evitados”, acrescentou.

O informe lamenta que o mundo tenha uma percepção errônea dos riscos relacionados com as catástrofes naturais e atribui isso a que os riscos são subestimados e a sentimentos de “otimismo” e “invencibilidade”.

O documento indica que o alcance e a intensidade das catástrofes aumenta e que o número de pessoas mortas e afetadas pelas catástrofes foi maior nos últimos cinco anos do que nos cinco anteriores.

As catástrofes têm um impacto desproporcional nos países em vias de desenvolvimento, que perdem, em média, 1% de seu PIB ao ano por causa destes eventos, contra 0,1% a 0,3% nos países desenvolvidos. O custo mais alto se dá na região Ásia-Pacífico.

Desde 1980, apenas 40% das perdas relacionadas às catástrofes estavam asseguradas e as taxas de cobertura nos países em desenvolvimento são inferiores a 10% – às vezes beirando zero -, o que agrava as consequências a longo prazo destes desastres.

“As catástrofes podem ser evitadas, mas só se os países investirem o tempo e os recursos necessários para compreender e reduzir os riscos”, afirmou Mami Mizutori, representante especial do secretário-geral para a redução dos riscos de catástrofe.

“Ao ignorar de forma deliberada os riscos e ao não integrá-los no processo de tomada de decisões, o mundo está financiando sua própria destruição”, acrescentou.