Com os altos preços da carne — quem em dois meses ficou quase 30% mais cara —, o consumidor começa a buscar alternativas mais baratas para manter o consumo de proteína. A saída mais barata está no ovo, cuja dúzia na última sexta-feira, 29, era encontrada vendida entre R$ 3,98 e R$ 6,79, a dúzia de ovo tipo Extra branco, segundo o levantamento o feito pela reportagem no Disque Economia, serviço da prefeitura Municipal de Abastecimento.
No atacado, a caixa com 30 dúzias de ovos tem apresentado preços estáveis. Segundo o site Notícias Agrícolas, o produto é vendido pelo mesmo preço desde o começo do mês de novembro. No dia 27, os preços fecharam em R$ 80 (Paraná e Minas Gerais), R$ 85 (Rio de Janeiro), R$ 90 (Rio Grande do Sul), R$ 80 (São Paulo) e R$ 84 (Espírito Santo).
Apesar da grande oscilação de preços nos supermercados de Curitiba, a oferta e os preços mais baixos, quando comparados ao de outras proteínas animais, o ovo é a saída para driblar alta de preços. Daniel Barbosa de Souza, proprietário da Carro do Ovo do Daniel, percorre as ruas de bairros de Curitiba e Região Metropolitana vendendo ovos em bandejas de 30 unidades, a R$ 10. “Com essa alta no preço da carne, espero que as vendas cresçam nos próximos dias”, diz.
Ele revela que as houve um incremento nas vendas, mas nada significativo “ Quem sabe com as proximidades das festas e agora com esse preço da carne as vendas melhores”, conta.
Incentivado ou não pelo aumento do preço da carne, o ovo está ganhando cada vez mais espaço no prato do brasileiro. Quando 2019 terminar, cada brasileiro vai ter comido em média 230 ovos. É quase o dobro do que era consumido há dez anos, segundo os dados da Associação Brasileira de Proteína Animal.
Essa mudança de hábito está associada ao preço do ovo. Comparado com as outras proteínas animais como carne ou frango, é a mais barata. E tem reflexo em toda a cadeia de produção. As granjas estão investindo em tecnologia. Em 2019, a produção de ovos no país deve chegar a nove bilhões de unidades. São 93 mil por segundo.
Efeito dominó pode afetar frango e carnes de festas de fim de ano
O efeito do preço da carne vermelha no valor do frango e do peixe está sendo analisado de perto pelo governo federal. A avaliação é de que a inflação de outras carnes seria um movimento natural de livre mercado, ou seja, com o aumento da procura por frango e também por peixe, é de se esperar que haja reajuste nos preços desses itens, principalmente nesta época de fim de ano.
No Ministério da Agricultura, a análise é de que o preço da carne vermelha deverá se estabilizar em um patamar de preços influenciado diretamente pelo custo internacional da proteína. Hoje, o preço da arroba do boi gordo – o equivalente a 15 quilos de carne – oscila entre US$ 40 e US$ 50. Se considerada a cotação desta sexta-feira, 29, com o dólar a R$ 4,23, chega a um preço de até R$ 201 pela arroba do boi. Ou seja, para o ministério, o preço da carne deve se estabilizar nesse patamar.
Na quinta-feira, 28, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que, além do efeito das exportações, é preciso considerar fatores internos, como o preço nacional cobrado pelo pecuarista, que estava sem reajuste há três anos, além da seca prolongada, que mexeu com a produção do boi gordo. “Sabemos que essa situação decorre de uma conjuntura de fatores. Agora, a arroba não vai baixar mais ao patamar que estava”, disse.
O mercado chinês tem apresentado uma variação brusca de preços. A tonelada da carne, que estava sendo exportada ao país asiático pelo preço médio de R$ 7 mil, já é negociada em R$ 6 mil. O governo refuta qualquer risco de desabastecimento de carne no mercado nacional. O País tem hoje um rebanho de 215 milhões de cabeças de gado, ou seja, há mais bois no pasto que cidadãos no Brasil. Ana Ehlert