A necessidade de avançar da informação para o conhecimento
Por: Zenilda Correia Martins
A sociedade contemporânea com a falta de tempo e com a facilidade de leituras rápidas proporcionadas pelos avanços tecnológicos tem vivenciado uma grande confusão a respeito da diferença entre informação e conhecimento. Com o avanço das tecnologias na produção de telefones celulares e com o fluxo de informação cada vez mais rápido e intenso gastamos boa parte do nosso tempo utilizando os smartphones – telefones celulares que incluem sistemas operacionais equivalentes aos dos computadores – para realizar as nossas leituras e ter acessos a dados e fatos. Mas o que há de errado? É que passamos a conceber informação como conhecimento. Acreditamos que informação é conhecimento.
Daí a necessidade de sabermos diferenciar: a informação é simplesmente o acesso a dados, fatos, circunstâncias, ações. O conhecimento é a informação trabalhada pelas pessoas. Assim, é preciso indagarmos, questionarmos e fazermos uso das diversas informações obtidas para alcançarmos um conhecimento. Podemos assim exemplificar: Quando alguém diz O fascismo está avançando no Brasil, isso é somente uma informação, mas se buscamos entender o que essa informação significa, o que é mesmo o fascismo, como o fascismo ocorreu historicamente no mundo, quais as consequências desse avanço do fascismo para o povo brasileiro, aí chegamos a um conhecimento. E qual é o grande equívoco da sociedade contemporânea a esse respeito?
Como as pessoas têm acesso a muitas informações, acreditam que têm muito conhecimento e se satisfazem com isso sem buscar conhecimentos. Também constantemente enfrentam conflitos respaldados apenas em informações quando a situação exige um conhecimento. Diante dessa realidade temos alguns grandes desafios: precisamos utilizar os avanços tecnológicos para fazermos uso das diversas informações, indagarmos, questionarmos, aprofundarmos até chegarmos aos conhecimentos; as instituições de educação formal também precisam avançar no sentido de levar as crianças, adolescentes, jovens e adultos a aprender e desenvolver o hábito de utilizar as fontes e instrumentos tecnológicos para ir além da informação e; se gastamos muito do nosso tempo com os smartphones, mas enfrentamos dificuldades de os utilizar para fazermos leituras aprofundadas, pesquisas e análises é mister então que redirecionemos um pouco desse tempo gasto com esses aparelhos para utilizar outros instrumentos que nos favorecem essa busca.
É preciso também continuar valorizando as leituras de livros, seja os e-books – livro em formato digital – ou nos formatos tradicionais. Nesse sentido destacamos duas experiências interessantes: Fazer um registro dos livros lidos e as datas em que se realizou a leitura desses livros é uma experiência significativa e, com o passar de um determinado tempo observar esses registros, provoca na maioria das pessoas que assim fazem, boas sensações. Socializar leituras de livros com conhecidos e amigos é uma outra experiência que é ímpar. Fazer a leitura de um livro e ficar aguardando que os outros terminem a leitura desse mesmo livro para depois partilhar uma reflexão a respeito do conteúdo e concepções, também é enriquecedor. E quando ouvimos alguém próximo de nós dizer: não comente agora esse livro porque ainda estou lendo, fica a perspectiva de muito em breve uma interessante socialização. Assim, muitos são as possibilidades de avançarmos das informações para os conhecimentos, basta buscarmos sempre.
Zenilda Correia Martins é graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB e Especializada em Formação Socioeconômica do Brasil.