O atirador que matou uma aluna cadeirante de 19 anos é filho de policial, morava em Brasília e tinha se mudado há pouco para Barreiras, no oeste da Bahia. Ele também estudava na escola cívico-militar Eurides Sant’Anna, onde ocorreu o atentado, e teria postado em um perfil extremista o plano de massacre no colégio.
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O adolescente de apenas 14 anos se identificava como um “ser iluminado” no perfil e dizia que descarregaria a sua ira em “um ato sanguinolento”. Um manifesto, publicado três dias antes do crime, que a polícia acredita ter sido escrito pelo jovem, mostra o seu desprezo pelas pessoas.
“Eu vivi com meu pai na maior parte da minha vida, pois meus pais eram separados e não tinham nenhum sentimento mútuo. Desde pequeno sentia-me superior aos demais, alimentava nojo e ódio de grupos do meu convívio, simplesmente não aceitava estar no mesmo lugar que eles, sentia que merecia mais, ou eles mereciam menos, o que importava era estar por cima”, diz trecho do manifesto de 29 páginas.
O estudante está internado em estado grave após receber um tiro, de pessoa ainda não identificada, durante o ataque na escola. A Polícia Civil, com o apoio do Departamento de Polícia Técnica do estado, investiga o caso. Fontes da Secretaria de Segurança da Bahia confirmaram extraoficialmente que o perfil extremista pertence ao jovem.
No Twitter, ele fala de seu ódio pela escola, onde passou a estudar quando se mudou para Barreiras. A Secretaria de Educação informou que ele era um aluno faltoso. Pouco antes do atentado, ele fez duas publicações na rede social.
“Já estou com tudo comigo, agora é só esperar. Tudo pode acontecer nas próximas horas”, diz ele em um dos posts. “Irá acontecer daqui [a] 4 horas e eu tô bem de boa. Estou tão calmo, nem parece que irei aparecer em todos os jornais hoje”.
“A cada dia que vou à escola, sinto-me subjugado, se misturar com eles é nojento, é estupidamente grotesco, sinto ânsia de vômito quando um deles me tocam (sic). Sou puro em essência, mereço mais que isso, sou sancto”, disse o adolescente na rede social.
“Saí da capital do Brasil para o nordeste, e nunca pensei que aqui fosse tão repugnante. Lésbicas, gays e marginais aos montes acham que são dignos de me conhecer e de conhecer minha santidade. Os farei clamar pela minha misericórdia, sentirão a ira divina”, continuou.
Segundo o jornal O Globo, a estudante de ciências políticas Michele Prado, que estuda movimentos extremistas, se referindo à comunidade True Crime Comunity, da qual o estudante fazia parte, localizou o perfil e repassou aos policiais da Bahia. Segundo ela, “ele se denomina sancto, ele quer virar um sancto. Sancto é quando o indivíduo realiza o massacre. Eles são glorificados dentro da comunidade de extremistas como heróis”.
“Ele usava o número 88 para se identificar, o que significa ‘heil’, ‘Hitler’, portanto se identifica com neonazistas. Além disso, é incel (a palavra vem da junção das palavras ‘involuntary celibates’, que são jovens celibatários que propagam misoginia e racismo em comunidades virtuais, alguns deles já envolvidos em crimes nos EUA)”, afirmou.
Adolescente que matou cadeirante diz que fez bomba caseira com 51 pregos
Para realizar o ataque, ele pulou o muro da escola com um revólver e duas armas brancas. Na véspera, ele afirmou pelo Twitter que deu o “último abraço” em seu pai e que fez uma bomba caseira: “A bomba com fucking 51 pregos está feita. A galera vai ter dado uma sorte gigantesca caso falhar”.
No domingo (25), o atirador chegou a debochar da escola: “Escola fodida, nem tem câmeras”. O estudante parecia acreditar que seria morto, de acordo com as postagens.
“E pensar que daqui a alguns dias estarei tendo meu rosto, olhos, pulmões e outras partes do corpo sendo devoradas por vermes”, disse.
Com informações do Diário do Centro do Mundo