Estudo identifica em animal encontrado em Serra do Ramalho o primeiro câncer diagnosticado de um mamífero extinto brasileiro

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Tomografia computadorizada do fêmur e imagens de microscópio mostrando o padrão de crescimento do tumor. Imagens por Fernando H. de S. Barbosa Tomografia computadorizada do fêmur e imagens de microscópio mostrando o padrão de crescimento do tumor. Imagens por Fernando H. de S. Barbosa

Nesta semana foi publicado no periódico Historical Biology o primeiro caso de câncer em um mamífero extinto não humano do Quaternário, período geológico conhecido popularmente como “era do gelo”, onde viveram preguiças gigantes, mamutes e mastodontes, tigres dentes-de-sabre e toda uma fauna peculiar de grandes mamíferos.

Reconstituição da preguiça <i>Nothrotherium maquinense</i>, com tumor em sua coxa direita, em seu local de morte. Ilustração por Guilherme Gehr
Reconstituição da preguiça Nothrotherium maquinense, com tumor em sua coxa direita, em seu local de morte. Ilustração por Guilherme Gehr

O tumor foi encontrado no fêmur direito de um exemplar de preguiça da espécie Nothrotherium maquinense, do Quaternário brasileiro. Era uma preguiça de porte pequeno a médio, alcançando cerca de um metro e meio de comprimento, um animal terrícola, ou seja, caminhava no chão e não subia em árvores. A espécie foi coletada na Lapa dos Peixes I, uma caverna localizada no planalto da Serra do Ramalho, na região da Bahia. O fóssil encontra-se no Museu de Ciências da Terra (MCTer), do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), no Rio de Janeiro.

A doença encontrada é um osteossarcoma parosteal, um tipo de câncer ósseo. Isso indica que o indivíduo sofria de dores locais, inchaço localizado e limitação dos movimentos articulares, o que teria sido extremamente prejudicial para sua vida. No entanto, não é possível afirmar se o animal morreu em decorrência do câncer ou por uma queda acidental na caverna, embora mais de 90% dos pacientes humanos com osteossarcoma não tratado morrem com metástase pulmonar.

Mesmo que as neoplasias (tumores) sejam reconhecidas em quase todos os animais, este é o primeiro relato desse tipo de câncer ósseo no registro fossilífero.

Câncer ósseo em fêmur da preguiça Nothrotherium maquinense. Imagens por Fernando H. de S. Barbosa
Câncer ósseo em fêmur da preguiça Nothrotherium maquinense. Imagens por Fernando H. de S. Barbosa

A pesquisa foi efetuada por: – Fernando H. de S. Barbosa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

– Kleberson de O. Porpino, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
– Bruce M. Rothschild, Museu Carnegie de História Natural (Pensilvânia, EUA)
– Rafael Costa da Silva, Museu de Ciências da Terra (Serviço Geológico do Brasil – CPRM)
Domenico Capone, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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A matéria é de Letícia Peixoto da Assessoria de Comunicação do Serviço Geológico do Brasil – CPRM.