Coribe, a 155 km de Bom Jesus da Lapa, aparece como um dos maiores devastadores da Mata Atlântica na Bahia no período de 2019 e 2020. Segundo dados da ONG SOS Mata Atlântico, o município da Bacia do Corrente ficou na 6º posição, com o desmatamento de 111 hectares. Já o município vizinho, São Félix do Coribe, aparece na 9º colocação, desmatou 94 hectares.
As cidades baianas no topo do ranking são Wanderley e Cotegipe, que também estão na região Oeste. Wanderley também é a terceira cidade que mais desarboriza no país. Foram 350 hectares perdidos – isso equivale a quase um campo de futebol por dia.
Confira a lista completa das 10 cidades baianas que mais desmataram em 2020:
Município | Região | Área desmatada | Área original |
Wanderley | Oeste | 350 | 81% |
Cotegipe | Oeste | 273 | 75% |
Encruzilhada | Sudoeste | 175 | 94% |
Cândido Sales | Sudoeste | 158 | 97% |
Canavieiras | Sul | 121 | 78% |
Coribe | Oeste | 111 | 75% |
Muquém do São Francisco | Oeste | 100 | 85% |
Vitória da Conquista | Sudoeste | 95 | 94% |
São Félix do Coribe | Oeste | 94 | 79% |
Mundo Novo | Centro-oeste | 88 | 88% |
A Mata Atlântica está em quase um terço do território baiano. A Bahia é um dos 17 estados que têm o bioma mais ameaçado do país.
Apenas 12,5% da floresta original que existia no Brasil está viva e essa área continua diminuindo. Em 2020, 13.053 hectares da Mata Atlântica foi destruída no país, sendo 25% na Bahia (3.203 hectares).
A área desmatada na Bahia corresponde a quatro cidades do tamanho de Salvador. De acordo com o diretor de conhecimento da SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, a principal causa do desmatamento é a expansão agrícola de forma clandestina.
“O curto prazo, isso interfere no clima da região, que fica mais quente, mais seco”, disse Luís Fernando.
“Tem uma menor produção de água, porque as nascentes dos entornos dos rios, perdem a florestas que protegem a água e isso gera uma consequência para o abastecimento de água na cidade e a irrigação nessa região também é importante e isso também tem problema para a mudança climática”, explicou.
De acordo com o estudo, a Bahia é o segundo estado que mais destruiu a Mata Atlântica em 2020, atrás apenas de Minas Gerais. O estado também ocupou a mesma posição em 2015 e 2019. Em 2016 e 2017 chegou a ser o primeiro.
Em nota, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) afirma que o foco do órgão é de combater o desmatamento ilegal, ampliando estratégias tecnológicas para monitorar as áreas com ocorrência do bioma e subsidiar as atuações e a exigência para recuperação das regiões afetadas.
Para a SOS Mata Atlântica, falta fiscalização e punições para os responsáveis.
“O que a gente precisa é da aplicação rigorosa da Lei da Mata Atlântica, processos de licenciamento bastante rigorosos e quando forem encontrados desmatamentos ilegais, que infelizmente são a maioria, eles precisam ser punidos com multas e outras consequências legais”, afirmou Luís Fernando Guedes Pinto.