Os cinco indiciados por envolvimento no assassinato do pediatra Júlio César de Queiroz Teixeira vão a júri popular. A decisão foi do juiz André de Souza Dantas Vieira, que acatou a representação do Ministério Público do Estado da Bahia e pronunciou os cinco criminosos por homicídio qualificado, em que o motivo é fútil e não há possibilidade de defesa da vítima.
Os réus Diego Santos Silva, Jefferson Ferreira Gomes da Silva, Ranieri Magalhães Bonfim Borges, Adeilton de Souza Borges e Fernanda Lima da Silva seguem presos até o julgamento final pelo tribunal do júri, que ainda não está marcado. “A decisão desta semana é mais uma importante vitória na luta por verdade, justiça e respeito à memória do pediatra Júlio César de Queiroz Teixeira”, disse a família da vítima em um comunicado.
O crime ocorreu em 23 de setembro de 2021, na clínica onde o pediatra atendia, na cidade de Barra, no oesta da Bahia, no início da manhã. Um homem invadiu o estabelecimento e, depois de atirar no médico, fugiu numa moto conduzida por outra pessoa. Segundo amigos da vítima que falaram com o CORREIO, Júlio jamais relatara que havia sido ameaçado.
Sabe-se que Diego Santos Silva, conhecido como “Cigano”, esteve na clínica com a esposa e a filha, criança, a pretexto de realizar uma consulta. Amigos do médico desconfiam que a ida ao estabelecimento era para conhecer a rotina da clínica e facilitar assim a execução do crime. O acusado de atirar é Jefferson Ferreira Gomes da Silva. Diego é defendido por um advogado mineiro, que, segundo amigos de Júlio César, é notório pela qualidade de sua atuação. “Quem está pagando este advogado? A família de Cigano não tem condição. Então, foca esta pergunta”, diz um amigo do médico.
Os conhecidos de Júlio César disseram que, pouco depois do crime, receberam informações de que Cigano abusava de uma criança. Numa ligação recebida um amigo do médico, alguém perguntou por que o abuso não era denunciado. Segundo registros de atendimento encontrados na clínica, o médico, depois de atender uma filha do Cigano, sugeriu que a criança fosse encaminhada a um psicólogo e recomendou um exame nas partes urinárias. A suspeita de que Cigano teria abusado da criança pode ter motivado o crime, segundo familiares de Júlio César.
Há ainda a possibilidade de que a motivação tenha sido financeira e comercial, porque o médico falava em abrir um negócio em Barra.
Jefferson, acusado de executar os disparos, disse, ao ser detido, que Júlio César era pedófilo e, por isso, o teria matado. Depois, mudou a versão e disse que o médico teria olhado para os seios da esposa de Cigano e a morte seria uma vingança por isso. Jefferson morava numa casa cedida por Cigano, de acordo com conhecidos da vítima.