Bolsonaro gastou R$ 27,6 milhões no cartão corporativo, diz Agência

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Reprodução

A partir de uma solicitação via Lei de Acesso à Informação da agência Fiquem Sabendo, a Secretaria-Geral da Presidência da República divulgou, na manhã desta quinta-feira (12), os dados referente aos cartões corporativos dos ex-presidentes da República.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que durante sua campanha e mandato criticou o uso excessivo do dinheiro público nas gestões petistas, gastou R$ 27,6 milhões nos cartões. Entre os destaques, estão os gastos com hospedagem, a maior fatia do que foi comprado com o cartão.

No total, foram R$ 13,7 milhões com hotéis. Somente no Ferraretto Hotel, no Guarujá, cidade do litoral paulista, foram pagos R$ 1,4 milhão. Na alimentação, outra parcela significativa nos gastos gerais do cartão — R$ 10,2 milhões —, destacam-se R$ 8.600 em sorveterias (em uma única despesa foram gastos R$ 540); e R$ 408 mil em peixarias.

Os dados referentes aos gastos do cartão corporativo haviam sido negados durante o governo anterior sob o argumento de que a divulgação das informações poderiam colocar em risco o presidente e seus familiares. A exposição dos gastos pode ajudar a investigar se o dinheiro público foi usado, por exemplo, para financiar as moticiatas promovidas por Bolsonaro para seus apoiadores.

Entre os dias 9 e 10 de julho de 2021, quando o ex-presidente promoveu motociatas na Serra Gaúcha e em Porto Alegre, foram gastos R$ 166 mil no cartão corporativo, em 46 despesas separadas, referentes à hospedagem, alimentação e combustível.

O uso do cartão corporativo é reservado para ações fundamentais do governo, principalmente com deslocamentos. Os gastos destoam do discurso de Bolsonaro que alega ser um homem de hábitos simples. Além de hospedagens e comida, os dados divulgados também apontam compras em lojas de artigos de pesca e antena parabólica.

Essas informações mostram que o ex-presidente usou o cartão corporativo para compras pessoais, mesmo recebendo salário acima dos 30 mil reais mensais. O governo Bolsonaro argumentava que deixaria os valores em sigilo até o fim do mandato, seguindo um trecho da própria lei.

A divulgação dos gastos com cartão corporativo de Bolsonaro não se relaciona, em tese, com os “sigilos de 100 anos”, contestados pelo governo Lula (PT) em pedido feito à Controladoria-Geral da União (CGU) no dia da posse.