Após mais uma promessa não cumprida, comunidades quilombolas  e assentamentos de Bom Jesus da Lapa farão  manifestação para cobrar a recuperação da BA – 160

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Manifestação em frente do aeroporto de Bom Jesus da Lapa ma visita do governador em 2018/Foto: José Hélio/Notícias da Lapa.

Quase um  ano depois da última manifestação, os moradores das comunidades quilombolas e assentamentos do município de  Bom Jesus da Lapa irão fazer uma manifestação, na próxima semana,  para cobrar do Governo do Bahia, Rui Costa(PT), a recuperação da BA – 160, no trecho  entre Bom Jesus da Lapa e o município de  Malhada, que dá acesso a mais de 19 localidades.

Por entenderem que a situação é de descaso, de esquecimento e que a população perdeu  o direito de ir e vir com dignidade. As lideranças começaram  a realizar  reuniões  nas comunidades ao longo da via e articular  através dos grupos de Whatsap,  após o governo não ter cumprido o que prometeu – o  cascalhamento de 65, 5 km  da BA – 160, do trecho entre a cidade de Bom Jesus da Lapa e a comunidade quilombola do Rio das Rãs.

Os moradores afirmam que além do serviço não está sendo bem feito pela empresa contratada, não corresponde com  edital da licitação, que deveria ser de 65, 5 km, e não 16, 40 km, conforme a placa que foi colocada na margem da via.

Afirmam ainda,  que  há mais de 15 anos o governo esqueceu que no município de Bom Jesus da Lapa,  onde passa a BA – 160 também mora gente. “Não aguentamos mais tanto descaso por parte desse governo, não é a primeira vez que ele promete e não cumpre. Olha que é só um cascalhamento, e mesmo assim faz isso.  É um descaso com o nosso povo, que está esquecido. Precismos mostrar  que os nossos quilombos e assentamentos também merece respeito”, disse.

A referida estada já foi considerada por diversas vezes como a pior do Brasil, no trecho entre  Bom Jesus da Lapa e Malhada. Com cerca de 150 km de extensão, o asfaltamento, ou pelo menos o que restou dele na estrada está em precárias condições de trafegabilidade, causando transtornos e colocando em risco a vida de centenas de famílias que diariamente trafegam pelo local, especialmente comunidades de maioria Quilombolas  que usam a estrada como a principal via de acesso a seus territórios. No período de chuva pro exemplo, fica intrafegável.

Diante da situação, de mais uma vez o governo não cumprir o que prometeu, as representações resolveram convocar um novo ato. Por entenderem que a situação é de descaso, de esquecimento e que a população perdeu  o direito de ir e vir com dignidade. A situação já foi pauta de várias denuncias, tanto pela população como pela Câmara de vereadores.

Em diversas reportagens feitas pelo site Notícias da Lapa nos últimos três anos, todos os relatos dos moradores estão vinculados ao sofrimento diário das comunidades, especialmente do território Quilombola do Rio das Rãs, que fica há mais de 90 km de Bom Jesus da Lapa, alegam que vivem o descaso, vendo na BA 160 intrafegável um espelho da exclusão e da negação dos direitos, vinculados a falta de políticas públicas para a região.

A BA 160 começa em Ibotirama e termina em Malhada, é a principal estrada que liga Bom Jesus da Lapa a dezenove comunidades, a maioria delas quilombola, onde está localizada uma das primeiras comunidades quilombolas reconhecidas no Brasil, Rio das Rãs.

A respectiva estrada foi inaugurada em 1990 e na época a intenção era escoar a produção do projeto Formoso em Bom Jesus da Lapa, inclusive, a estrada era um importante elo para o Norte de Minas Gerais. Foi esquecida, sendo considerada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) por diversas vezes como uma das piores estradas do Brasil. Mesmo assim, até o momento, o assim o governo estadual, quem tem a responsabilidade pela via não mobilizou nenhuma ação para recuperar este importante trecho que dá acesso a essas comunidades.

Importância da BA 160

A BA – 160 não  é qualquer estrada, ela conduz à história do Brasil. Na região moram famílias descendentes de africanos escravizados que resistiram bravamente à escravidão e mesmo sob fortes dificuldades mantem vivas as tradições culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos séculos. Agora, os seus descendentes não brigam contra o capataz, nem contra o chicote. Brigam por dignidade e igualdade para para poder viver como cidadãos livres e com direitos assegurados. O direito constitucional de ir e vir, sobre uma estrada em condições minimas de trafegabilidade e segurança é um destes.

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