Com o tema “Fraternidade e Superação da Violência” foi lançada pela Diocese de Bom Jesus da Lapa, na Missa de Quarta-feira de Cinzas, realizada ontem(15), a Campanha da Fraternidade de 2018. O lema da nova campanha da Igreja Católica é “Vóis sois todos irmãos”, como forma de valorização da vida.
O celebrante da noite, o Bispo da Diocese de Bom Jesus da Lapa, Dom João Cardoso, destacou que a Igreja Católica no Brasil sempre tem discutido temas envolvendo a violência, que ajudam os fiéis a refletir sobre a realidade. “Aqui no Brasil a Igreja sempre traz uma temática da realidade social, afim de nos ajudar na nossa penitência, na nossa conversão, e assim, nos preparar para a nossa pascoa do nosso Bom Jesus. E neste ano, a igreja traz para o centro dos nossos exercícios Quaresmais o tema da Campanha da Fraternidade. Não é a primeira vez aqui no Brasil, que a Igreja, através da Campanha da Fraternidade trata da violência”, disse.
Ele destacou que ao longo dos anos foi possível identificar que a Igreja Católica sempre se preocupou com o problema da violência. “Nós podemos identificar ao longo de 53 anos em que a igreja celebra a Campanha Fraternidade, sete campanhas que focam diretamente no problema da violência. Sem contar outras campanhas que indiretamente o tema violência foi tratada. Por exemplo, nas campanhas sobre a defesa da vida, o meio ambiente, sobre a promoção da paz, em que a violência também tem sido tratada”, frisou.
O Bispo falou ainda que o fato do tema ser discutido em tantas campanhas, mostra que o problema da violência é persistente, complexo e que tem raízes históricas. “A primeira vez que a igreja tratou desse tema de violência foi em 1983, e o tema foi fraternidade e violência, e o lema fraternidade sim, violência não. No ano de 2009, por tanto, esse tema apareceu, quando a igreja nos chamou a refletir sobre a fraternidade e a segurança pública. Isso mostra que a questão da violência é um problema persistente”, e completou: “Se não fosse um problema persistente o problema da violência no Brasil, a igreja não teria dedicado tanto tempo nas Campanhas da Fraternidade, e agora de novo nos repropõe neste ano com a proposta da superação da violência. Mostra que é um problema que persiste, que tem raízes histórica, profundas e é um problema muito complexo, difícil. E é por isso, que volta e meia essa temática aparece na igreja, para a formação da nossa consciência cristã e para um apelo, também para a nossa conversão”, disse.
Dom João Alertou que a sociedade não consegue ver como as diversas formas de violência acontecem. “Geralmente nós temos dificuldade de perceber a violência, vivemos em um país que é extremamente violento, mais nós temos dificuldade. Porque a violência foi naturalizada, nós achamos normal tantos fatos, nós não mais nos escandalizamos”, refletiu.
Falou que os números de violência nos Brasil são preocupantes, que são piores que os países que estão em guerra. “Mas nós não nos damos conta, porque nos acostumamos com a questão da violência”, e falou sobre Bom Jesus da Lapa: “Em nossa própria cidade, também, ela, a cidade de Bom Jesus da Lapa é uma cidade violenta, é uma de porte médio, que no ano passado teve um índice de homicídio, que quase 50 pessoas morreram assassinada no ano passado. Mais nós temos dificuldade de perceber, é como se a violência tivesse sido naturalizada pela cultura que nós respiramos, que faz com que nós nos acostumamos e justificamos a violência”, falou.
“Um adolescente é assassinado, nós não nos escandalizamos, antes, justificamos ainda: era um delinquente. A violência contra a mulher nós não nos escandalizamos, e ainda justificamos: mais ela estava vestida de forma inadequada”, chamou a atenção.
O bispo afirmou que os meios de comunicação contribuem para o aumento da violência. “Também a televisão, a chamada mídia, não nos ajuda a compreender o fenômeno. Quando nós ligamos a televisão ela espetaculariza com a violência, faz da violência espetáculo. Seja os filmes que de alguma forma ‘glamuralizam’ a violência, seja as novelas, seja os programas de jornalismo. Expõem os dramas dos pobres, expõem a miséria dos pobres. Apresenta a miséria dos pobres, uma vez que eles são vítimas de um sistema profundamente injusto, como programa para o nosso entretenimento. E não ajuda, por reforçar que a violência tem que ser combatida com violência”, provocou.
“É muito comum que muitos apresentadores justifiquem, por exemplo: é pena de morte! Acha que bandido bom é bandido morto, acham que a situação vai se revolver quando o cidadão tiver armado”, finalizou.
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