MP-BA realizará audiência  pública em Bom Jesus da Lapa para discutir  os possíveis impactos ambientais  que o rompimento da barragem de Brumadinho-MG pode causar no  rio São Francisco

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Rio Paraopeba está morto a 40 km da barreira rompida em Brumadinho. Análise aponta que o rio não tem oxigênio na água e está sem condição de abrigar vida.

O rompimento da barragem da Vale em  Brumadinho(MG) no último dia 25 de janeiro, liberou 12 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério no Córrego do Feijão.  Ao  menos 165 pessoas já foram encontradas mortas e outras 155 estão desaparecidas.

A lama tóxica  já atingiu mais de 40 quilômetros do Rio Paraopeba, um dos afluentes do São Francisco. A expectativa é de que a lama chegue à hidrelétrica de Três Marias a partir do dia 15 fevereiro. Se ultrapassar esse trecho, contaminará o maior rio do Nordeste.

Preocupados com o avanço da lama, que pode atingir um dos rios mais importantes rios do país, representantes do  Núcleo de Defesa da Bacia do Rio São Francisco (Nusf), órgão do Ministério Público da Bahia (MP-BA),  realizaram nesta segunda-feira(11), uma reunião para discutir os possíveis impactos ambientais no braço baiano do Velho Chico, após o rompimento da barragem de Brumadinho. O evento contou com representantes de órgãos públicos – Ibama, Funasa, Agência Nacional de Mineração (ANM), Defesa Civil, Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental (Divisa), além de entidades da sociedade civil, professores e universitários.

Segundo os estudiosos, a lama não deve chegar na Bahia, mas a água carregada com os metais, mais cedo ou mais tarde, afetará o São Francisco. “A ideia é trabalhar na prevenção, de modo que sejam adotadas todas as medidas para impedir que a lama chegue ao São Francisco, na sua porção baiana. Desta forma, os monitoramentos da água e da fauna aquática precisam ser realizadas”, explica a promotora Luciana Khoury, coordenadora do Nusf e da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI).

Durante a reunião, foi definida a realização de uma audiência pública na região de Bom Jesus da Lapa, que é banhada pelo São Francisco. A Promotoria Regional Ambiental vai instaurar um inquérito civil para acompanhar os impactos no local. “Saiu como encaminhamento a gente realizar audiências públicas na região banhada pelo rio São Francisco, que possivelmente, pode vim a ser impactada por contaminantes vindos da água”, disse a promotora ao site Notícias da Lapa.

Ela frisa ainda,  que não existe  probabilidade da lama chegar no rio São Francisco, e que o mesmo está sendo monitorado em Minas Gerais pelo órgãos, que estão trabalhando com uma articulação permanente do MP. “E a nossa proposta é fazer audiências públicas na região de Bom Jesus da Lapa, para a gente poder tratar do tema com  a população. Para que a população possa ficar informada, e acompanhar tudo que está acontecendo, tomando  conhecimento, e se empoderar dessa situação”, disse.

Dra. Luciana destaca, que todas as populações vinculadas a região do  Velho Chico precisam estar informadas, para poder divulgar as informações ambientais e saber identificar qualquer tipo de anormalidade. Alertando  dos possíveis problemas e ocorrências,  e dos principais impactos que podem acontecer. “Vamos buscar cobrar esse monitoramento da região baiana, tanto na água, como na  fauna do rio. Tudo isso a gente quer discutir na audiência pública, que provavelmente será realizada no mês de março”, finalizou.

A preocupação de ambientalistas e moradores ribeirinhos é que, sem medidas efetivas para barrar os rejeitos de ferro, a lama tóxica chegue ao reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias, construída no leito do Rio São Francisco, com enorme potencial para provocar danos à pesca, ao turismo e à vida dos ribeirinhos.