Moradores de Bom Jesus da Lapa, fizeram nos últimos dias diversas cobranças ao SAAE, Serviço Autônomo de Água e Esgoto, sobre a falta de água em alguns pontos da cidade. Demanda que também foi pauta de discussão na Câmara de Vereadores.
Diante desse cenário, o Diretor do SAAE, Gerson Nunes, esteve nesta quarta e quinta-feira nas Rádios Bom Jesus e Baiana FM, para esclarecer à população sobre esse problema que se tornou recorrente nos últimos dias.
ROMARIA
De acordo com Gerson Nunes, apesar da Romaria ter finalizado muitos turistas ainda estão visitando a cidade. Também disse que
“nesse calor elevado o consumo de água tem sido maior. Inclusive a geração de esgoto está acima do que é comum, em função do alto consumo praticado pelas pessoas. Infelizmente os bairros mais distantes acabam sendo penalizados. Venho sempre procurando repassar as informações para a população, deixando claro a necessidade que temos de fazer melhorias no sistema de distribuição de Bom Jesus da Lapa. As carências também existem no sistema de tratamento e de reservação. Infelizmente ao longo dos anos a falta planejento e de ação e talvés maior transparência acabou contribuindo para esses problemas”, disse o diretor.
CRESCIMENTO SEM INVESTIMENTOS
Ele fala do crescimento da cidade e sobre os investimentos: “É bom lembrar que a cidade de Bom Jesus da Lapa cresceu nesses últimos anos e está crescendo, de maneira rápida e faltou investimentos em áreas que seriam necessárias, principalmente na área de saneamento básico. Somente os programas Minha Casa Minha Vida, praticamente, entregou aqui 2 mil imóveis. Tem quatro bairros novos aí, Bairro Bom Jesus, Primavera I e II e Vale Verde; bairros com muitas famílias morando. Além disso, nós temos os novos loteamentos, os novos empreendimentos feitos, e atrelado a isso, os financiamentos feitos pelo programa Minha Casa Minha Vida, que também tem crescido muito nos últimos anos. É comum vermos quadras com 12, 24, 43 casas construídas para vender por meio desse programa. E aquelas ruas que tinham duas ou três famílias, passaram a ter dez, vinte ou mais famílias, e não ouve ampliação do sistema de distribuição”, explica.
“Preocupados com a situação, em áreas de expansão da cidade, como exemplo, na Fazenda Campos, fizemos a implantação de uma adutora nova e no próprio Shangri-lá, nós tomamos a iniciativa de colocar outras redes, inclusive de maior diâmetro também, para fortalecer o abastecimento e estamos fazendo outras redes, inclusive para formar o anel de distribuição da cidade. Esse anel de distribuição está inclusive dentro do projeto vai atender de maneira inteiramente satisfatória a necessidade da população.
SISTEMA DE BOMBEAMENTO / ROMPIMENTO DE REDES
“Essa semana nós fizemos uma melhoria no sistema de bombamento da estação, que é o responsável por bobear a água para a cidade. Nós tínhamos um problema lá, a amperagem da bomba, quando você aumentava um pouco a pressão ela subia, e para buscar melhorar, fizemos substituição de parte do equipamento, e isso melhorou bombeamento. No entanto, quando você coloca um pouquinho de pressão a mais para melhorar a chegada da água nos bairros mais diatantes, a rede se rompe e a cidade inteira fica sem água. Infelizmente esse é o dilema que nós estamos vivendo. As vezes as pessoas falam para mim: Gerson não tem como fazer uma manobra? A gente vem procurando implantar registro, porém para isso tenho que parar todo o sistema, ai vai ficar aquele tempo sem água. Agora por exemplo, a nós estamos trabalhando e bombeando água 24 horas, e tentando manter o equilíbrio da pressão, porque se você força um pouquinho a mais, a rede rompe, e quando rompe fica a cidade inteira sem água.”
FALTA DE INVESTIMENTOS EM SANEAMENTO BÁSICO E ABASTECIMENTO DE ÁGUA
“É bom dizer o seguinte: eu sei que existe dificuldade, e não quero de modo algum falar que as pessoas estão passando informações erradas, quando ligaram para cá, até porque é bom que a cidade comece se mobilizar nesse sentido, para que juntos consigamos os recursos necessarios junto ao governo Federal ou Estadual. É um problema sério no país a falta de investimento no saneamento básico, e sobretudo no abastecimento de água. Por exemplo, nós temos cidades na região passando por privação, em função da falta de água, e a situação é séria, no caso de Riacho de Santana, que ta pegando água aqui no SAAE de Lapa para o povo não passar sede.”
MAIOR PROBLEMA / O QUE ESTÁ SENDO FEITO?
“O maior problema nosso hoje, consiste, em termos um sistema atualmente com diversas limitações. Nós fizemos um diagnostico, e uma empresa foi contratada em parceria com a prefeitura para fazer um projeto de reformulação de todo o sistema e somente o projeto ficou em quase R$ 300.000,00. O mesmo já tá pronto, tá inclusive no SAAE. Faremos uma nova captação no rio São Francisco, uma nova estação de tratamento de água a ser construída no Lagoa Grande e toda estrutura de reservação necessária e além da implantação das redes pela cidade, e nós já estamos implantando as redes que nos é possível fazer, com os nossos recursos, para ir melhorando o abastecimento. O que a gente tem condição de fazer está sendo feito. O projeto ficou orçado, inicialmente, em quase 24 milhões, para você fazer todas essas obras.
Que fique claro, o que a gente tem condição de tá fazendo, o SAAE tá fazendo, não tá deixando de investir. Tem ações que deveriam ter sido feitas bem antes, quando estavam elaborando o projeto das casas do Minha Casa Minha pra fazerem aqui as adutoras necessárias a demanda da população que adquiriram seus imóveis.
Nós estamos fazendo um anel que permitirá fazer as manobras necessárias, e a partir dele, a cidade, e principalmente esses trechosmais distantes serão beneficiados.
De acordo com Gerson Nunes, o sistema atual foi pensado apenas nas casas em volta da gruta, na parte mais baixa da cidade:
“O problema do sistema de água de Lapa foi que quando fizeram a obra, fizeram pensando só nas casas envolta da gruta, na parte mais baixa da cidade isso eleva a pressão nas redes que tem que vencer essa diferença de altura.
Quando assumi o SAAE, a primeira coisa que fiz foi reunir com o prefeito Eures Ribeiro, que tem se preocupado muito com essa situação, para compartilhar as necessidades. E foi a partir disso que surgiu a necessidade da contratação da empresa para a elaboração do projeto que já ficou pronto no mês de julho passado. O montante de recursos para que ele todo seja executado não é pequeno e nós estamos empenhados na busca de recursos; são obras caras e o município não tem esse valor. O prefeito vem lutando, tem corrido atrás, na expectativa de conseguir essas verbas junto ao Governo Federal, ou mesmo o Governo Estadual. A gente espera consegui esse recurso para que Lapa continue crescendo, como tem crescido agora, mas precisamos atender no abastecimento de água de maneira satisfatória”.
O Diretor do SAAE de Bom Jesus da Lapa conclui a entrevista tornando transparente os problemas de abastecimento de água em pontos da cidade e assegura a qualidade do tratamento de água na cidade.
“Com todos as nossas precariedades que a gente tem, a qualidade da água tratada pelo SAAE de Bom Jesus da Lapa continua a ser uma das melhores da Bahia e continuaremos investindo pra manter essa qualidade e melhorar o abastecimento.
