Presidente do Tribunal Superior Eleitoral diz que Bolsonaro tem o “dever cívico” de mostrar prova de fraude na eleição

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Segundo Barroso, nunca houve fraude eleitoral documentada com a urna eletrônica no Brasil Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quinta-feira (17) que o presidente Jair Bolsonaro tem o “dever cívico” de apresentar as provas que diz ter sobre a suposta fraude das eleições de 2018. Segundo Barroso, nunca houve fraude eleitoral documentada com a urna eletrônica no Brasil.

Por isso, segundo o ministro, a proposta de voto impresso para as eleições é uma “solução arriscada para um problema que não existe”.

“Nunca houve fraude documentada. Jamais. Apenas o pedido de auditoria solicitado pelo então candidato Aécio Neves e que não se apurou impropriedade porque não há. Se o presidente da República ou qualquer pessoa tiver provas [de fraude] tem o dever cívico de entregá-la ao Tribunal e estou com as portas abertas. O resto é retórica política, são palavras que o vento leva”, disse o ministro.

Riscos da recontagem

Na avaliação do ministro, o Brasil não ganharia “nem um milímetro em segurança” com o voto impresso. “Vamos ter um mecanismo novo que é menos seguro do que o que já existe. Para acreditar no voto impresso é preciso também da urna eletrônica, portanto temos aí um paradoxo”, disse. Barroso levantou os riscos da recontagem de votos com a medida.

Segundo ele, é justamente nessa fase onde o risco de fraude acontece. “Na recontagem é que há a manipulação dos votos e possibilidade de verificar a composição desses votos. A compra de votos ainda acontece no Brasil, infelizmente, e com isso vai se verificar se determinado candidato teve os votos em determinada sessão. Ele pode até combinar com o eleitor”, disse.

O presidente do TSE se comprometeu a cumprir “com boa fé” a decisão de implementar o voto impresso, caso o Congresso aprove a proposta e o STF (Supremo Tribunal Federal) confirme a medida. Barroso argumentou ainda que as experiências internacionais com voto impresso revelam que essa modalidade “não elimina o discurso dos derrotados”.

E deu como exemplos as eleições norte-americanas do ano passado — quando o derrotado Donald Trump alegou fraude e pediu recontagem de votos — e, mais recentemente, as eleições do Peru, onde a candidata Keiko Fujimori agiu de forma semelhante ao pedir recontagem.”Vamos gastar dinheiro, e não vamos eliminar o discurso dos derrotados.”

Gastos de R$ 2 bilhões

Ainda segundo o ministro, o voto impresso provocaria gastos estimados em R$ 2 bilhões aos cofres públicos. De acordo com Barroso, esse é o custo para que todo o sistema do TSE se adapte à modalidade do voto impresso, que demanda equipamentos próprios e impressoras para cerca de 500 mil urnas.

“O custo estimado pelo TSE é de R$ 2 bilhões para o acoplamento de impressoras, que não são impressoras de mesa. Esse custo é aberto e qualquer um pode verificar”, explicou.