Alvo de uma investigação de caixa dois pela PGE (Procuradoria-Geral da República), o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, pediu trégua à imprensa, se irritou com perguntas dos jornalistas e abandonou uma entrevista coletiva após participar de um almoço com empresários do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) nessa sexta-feira (7), na capital paulista.
A “trégua” de Onyx foi pedida no fim do discurso. “Quero pedir para a imprensa que nos acompanha, por favor, uma trégua, em nome do Brasil”, disse Onyx. Os empresários aplaudiram a fala. Na entrevista coletiva após o almoço, o futuro chefe da Casa Civil foi questionado por jornalistas sobre qual como seria a trégua.
“Algumas áreas da imprensa brasileira abriram francamente um terceiro turno. Temos nossas limitações, nossas dificuldades. Vamos fazer um grande pacto. Não ganhamos carta em branco. Sabemos que temos oposição. Temos tido todo respeito do ponto de vista do futuro do nosso País. A partir do dia 1° de janeiro, quando o governo assumir e tiver diretriz, aí sim, se estiver errado, critica”.
Em seguida, Onyx foi perguntado sobre o inquérito aberto a pedido da PGR para investigar o suposto uso de caixa 2 em suas campanhas. “Se tem um cara que é tranquilo sou eu. Vim com Deus. Agora com investigação autônoma, vou poder esclarecer. Nunca tive corrupção. Não pode ser hipócrita de querer misturar financiamento e não registro de recebimento de amigo. Esse erro eu cometi. Sou o único que tenho a coragem de assumir”, afirmou
Onyx se esquivou da pergunta afirmando que “setores tentam destruir a reputação de [Jair] Bolsonaro” e chegou a atacar o Coaf questionando onde o conselho estava durante os processos do mensalão e do petróleo. “Foi feita uma aliança ideológica que faz com que vocês [jornalistas] queiram misturar um governo honesto com as lambanças do PT dos últimos 14 anos”, disse.
Em seguida, diante da insistência dos jornalistas em pedir uma declaração sobre o caso do filho de Bolsonaro, Onyx perguntou a um dos repórteres quanto havia caído na sua conta neste mês, logo antes de abandonar a coletiva.
“HISTÓRIA PLAUSÍVEL”
O deputado estadual e senador eleito pelo Rio Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta (7) que mantém a confiança no ex-assessor Fabrício José Carlos de Queiroz, citado em relatório do Coaf por movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão.
Flávio Bolsonaro disse que foi cobrar explicações do ex-motorista. “Hoje o Fabrício Queiroz conversou comigo. Ele me relatou uma história bastante plausível e me garantiu que não teria nenhuma ilegalidade nas suas movimentações”, disse o deputado, na casa da família na Barra, zona oeste do Rio. “Assim que ele for chamado ao Ministério Público, vai dar os devidos esclarecimentos”.
O filho do presidente eleito disse que não poderia dar detalhes da explicação dada pelo ex-assessor, que, segundo ele, o acompanhou por mais de dez anos.
A informação do relatório do Coaf, em desdobramento da Operação Lava Jato no Rio, foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo. O ex-assessor parlamentar e policial militar movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, de acordo com o relatório do órgão.
Uma das transações citadas é um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Segundo o UOL, em entrevista ao site O Antagonista nesta sexta, Bolsonaro disse que o depósito é referente a uma dívida que o ex-assessor tinha com ele no valor de R$ 40 mil.