O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou nesta segunda-feira (28) o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o ex-assessor dele, Fabrício Queiroz. O filho do presidente foi apontado como líder da organização criminosa e o seu ex-assessor na Assembleia Legislativa do Rio como operador do esquema de corrupção que, segundo os promotores, funcionava no gabinete do então deputado estadual.
Em denúncia com 300 páginas, os dois são acusados de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Quebras de sigilo bancários e fiscal apontam que o senador usou pelo menos R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo do esquema das rachadinhas.
Os autos foram produzidos pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) e tramitam em segredo de justiça. O caso, como definiu o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em junho, deverá ser julgado pela Corte Especial do tribunal.
As investigações começaram antes de o senador ser eleito: em julho de 2018, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão do então assessor Fabrício Queiroz, que trabalhava no gabinete de Flávio.
Amigo do presidente Jair Bolsonaro, Queiroz era considerado o principal operador do esquema pelo qual assessores devolvem parte do salário ao então deputado. A suspeita é que a prática configure crime de lavagem de dinheiro, que uniria atividades consideradas suspeitas de Flávio não apenas dentro do gabinete, mas também na compra e venda de imóveis com dinheiro vivo e na operação de uma franquia de loja de chocolate na capital fluminense.
As investigações também apuram vazamentos de informações privilegiadas, obtidas pela defesa de Flávio Bolsonaro. O empresário Paulo Marinho, candidato a prefeito do Rio e que passou de confidente a desafeto dos Bolsonaro, afirmou que em novembro de 2018 um delegado da Polícia Federal havia vazado informações da operação “Furna da Onça”, que mirava especificamente a rachadinha no gabinete de Flávio, ao então deputado.
A denúncia, ainda sob apuração, dá conta de que o aviso permitiu que Flávio exonerasse Queiroz do cargo antes da operação.