Lula tem encontros fora da agenda com Lira e ignora promessas de transparência

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Foto: José Cruz/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que em diversos discursos tem pregado ser contra “conversa sigilosa na minha vida política”, conforme palavras dele, tem  aderido ao um novo método de articulação em prol de fechar a arrastada reforma ministerial com o centrão. Com dispensa até mesmo dos seus carros oficiais e seguranças, já teve pelo menos quatro encontros fora da agenda oficial com o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), principal líder do Partido Progressista e padrinho do já escolhido pelo presidente para ser o representante da legenda em seu governo, o deputado federal, André Fufuca (PP-MA).

O encontro mais recente aconteceu na noite de quarta-feira (16), conforme a Folha de S.Paulo, na residência oficial da Câmara dos Deputados. Foi confirmado nos bastidores por assessores palacianos, mas oficialmente os dois lados silenciaram. Nem confirmaram nem negaram.

A reunião aconteceu em meio às negociações para destravar a reforma ministerial, que Lula pretendia concluí-la antes de viajar para a África do Sul, para a cúpula dos Brics. O mandatário embarcou no domingo à noite.

A dificuldade está em encontrar um lugar para Fufuca, bem como Silvio Costa Filho do Republicanos de Pernambuco, que tambpem já foi confirmado oficialmente no governo, mas sem definição em quais pastas. A semana terminou sem desfecho para a novela.

Naquele dia, o presidente deixou o Palácio do Planalto no início da noite, por volta das 19h20, mas não seguiu para o Palácio da Alvorada –um trajeto que levaria menos de 5 minutos.

Jornalistas que estavam em frente à casa de Lira viram entrar e sair um único carro, de um modelo parecido ao usado pela Presidência para as principais autoridades. Cerca de 15 minutos após a saída desse veículo, o comboio presidencial finalmente chegou ao Alvorada, por volta das 20h40.

Assessores palacianos confirmam que o encontro aconteceu nesse intervalo de tempo. Embora não revelem como foi a operação, a suspeita é de que Lula tenha trocado de veículo em algum lugar no meio do caminho.

O chefe do Executivo também recebeu o presidente da Câmara e principal interlocutor do centrão duas vezes no Palácio da Alvorada à noite. Em nenhuma das vezes os encontros estiveram nas agendas das autoridades.

No último dia 2, a reunião chegou a ser negada inicialmente pela assessoria do presidente. Lula recebeu Lira na sua casa, discutiram política, tomaram uísque, o petista deu sua palavra de que entregaria ministérios ao PP e ao Republicanos –mas não disse quais.

Lira também chegou ao Palácio do Alvorada sem o seu tradicional comboio de segurança.

No início do ano, o primeiro encontro do presidente com o presidente da Câmara aconteceu na casa do ministro da Secom, Paulo Pimenta, com os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) e o líder do governo na Câmara, José Guimarães. Também informal, beberam e comeram churrasco.

O chefe do Executivo também já participou de um jantar na casa do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), com a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e o então ministro indicado à corte Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na véspera da posse do advogado do petista no Supremo, em 2 de agosto.

O Palácio do Planalto foi procurado, mas não se manifestou. Enquanto isso, votações importantes, como a desta terça-feira (23), em que o arcabouço fiscal foi aprovado, seguem em clima de tranquilidade, diferente do estava ocorrendo no início do governo, em um passado bem próximo