Integrantes da equipe econômica já admitem ampliar vigência do auxílio emergencial de R$ 600

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Cada mês a mais de pagamento de auxílio custaria cerca de R$ 40 bilhões para os cofres públicos Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Integrantes da equipe econômica já admitem, nos bastidores, que o governo pode ser obrigado a prorrogar o auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais para além dos três meses inicialmente previstos.

Depois de o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, admitir esta semana que medidas como essa poderiam ter “vindo para ficar”, o Ministério da Economia divulgou nota na terça-feira (12) negando essa possibilidade.

Fontes do governo, contudo, reconhecem que a pasta está sendo pressionada a estender o benefício e até a torná-lo permanente. Para a prorrogação por um ou dois meses do auxílio, prevista inicialmente, a justificativa é que há um elevado grau de incerteza sobre o momento em que a atividade econômica voltará à normalidade. Cada mês a mais de pagamento de auxílio custaria cerca de R$ 40 bilhões para os cofres públicos.

Os técnicos ressaltam, porém, que ainda não é o melhor momento de falar publicamente sobre a hipótese de estender o benefício, e muito menos de abrir as discussões sobre mantê-lo após a pandemia. Mas já há debates internos sobre a possibilidade de tornar o auxílio permanente, de acordo com duas fontes que acompanham o assunto.

Ao mesmo em que se discute prorrogar o auxílio, o presidente Jair Bolsonaro deve vetar a ampliação para categorias como cabeleiros e motoristas de aplicativo, sob o argumento de que essas profissões já estão atendidas pelo critério de renda. O presidente também deve rejeitar o fim da exigência de o beneficiário não ter recebido rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2018.

Projetado em R$ 98 bilhões, o gasto com a concessão do auxílio emergencial já chegou a R$ 123 bilhões e deve crescer mais. Até o momento, 50 milhões de pessoas já foram atendidas, e esse universo deve aumentar, porque os cadastros para requerer o benefício continuam subindo.

“O grande problema é que não temos nenhum horizonte sobre o retorno da economia à normalidade, e pode até ser que a transferência de renda à população tenha que ser prorrogada”, disse um auxiliar do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Também faz parte dos estudos internos do governo a possibilidade de criação de uma renda básica para depois do auge da pandemia, mas isso não é consenso no Ministério da Economia. O valor do benefício poderia ser inferior aos R$ 600 pagos hoje como auxílio emergencial.

O mesmo valor seria necessário para colocar a ideia em prática. Como se trata de uma despesa permanente, é preciso encontrar fonte de receita para fazer a medida caber no Orçamento.

Técnicos avaliam que a crise deixada pelo novo coronavírus deve se estender por mais um ou dois anos, provocando um aumento do desemprego e reduzindo a renda dos trabalhadores informais.