O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (23) que, enquanto for presidente, “não haverá aborto”, em referência a uma eventual mudança na legislação para legalizar a prática. A declaração foi feita a um grupo de crianças que o aguardava em frente ao Palácio do Alvorada, coordenadas pelo padre polonês Pedro Stepien, ativista antiaborto que costuma marcar presença no local de batina e crucifixo.
Ao descer do carro para falar com apoiadores, Bolsonaro foi recebido pelo coral infantil, que cantou uma música religiosa. Ao final, as crianças fizeram um pedido: “Senhor presidente, temos um pedido para o senhor, não queremos aborto”.
“Enquanto eu for presidente, não haverá [aborto]”, respondeu Bolsonaro. O presidente recebeu das crianças miniaturas de fetos e, após ouvir mais uma música religiosa contra o aborto, respondeu: “Muito bom começar o dia assim”.
O padre polonês, que é pároco na região de Brasília e apoiador de Bolsonaro, defende regras mais duras contra o aborto, inclusive a proibição de casos já legalizados, como anencefalia. Uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) pede a descriminalização da prática em caso de infecção por zika vírus. O pedido foi apresentado em 2016 pela Associação Nacional de Defensores Públicos. A ação foi incluída e retirada de pauta duas vezes no ano passado após pressão de movimentos pró-vida.
“Hoje pela manhã, fomos mais uma vez pedir às autoridades governamentais o fim do ativismo judiciário (STF NÃO LEGISLA, não determina as leis de um país, não decide quem pode viver). Buscamos incansavelmente o fim ao aborto por meio da oração e do jejum, com uma vigília pacífica”, publicou o padre em uma rede social após o encontro com o presidente.
Antes de seguir para o Planalto, o presidente Bolsonaro também aceitou uma escultura de metal presenteada por um apoiador. A exemplo do que tem feito desde que a crise envolvendo a pandemia de coronavírus se acirrou, Bolsonaro evitou falar com jornalistas.
No último sábado (18), Bolsonaro desceu a rampa do Palácio do Planalto e conversou com um grupo que protestava contra o aborto. Na ocasião, ele também recebeu miniaturas de plástico representando fetos, além de um quadro de Jesus e uma bandeira que dizia “Brasil Vivo Sem Aborto” e os levantou no ar.