Quem acompanhou no último domingo (1º/09) a história de Natália, estudante do ensino médio na cidade de Cocal dos Alves, Norte do Piauí, no Fantástico, ficou com o coração apertado ao saber que a adolescente estava prestes a perder a bolsa de R$ 100. Esse auxílio é pago a medalhistas da Olimpíada de Matemática, e pode aumentar para R$ 400 quando eles vão para a universidade. O programa focava nos cortes que o Ministério da Educação havia anunciado em bolsas de estudo.
Após ter sua história contada no programa da Globo, O Fantástico voltou a falar com Natália, a reportagem de Neyara Pinheiro foi ao ar neste domingo (08) e dessa vez foi para falar da corrente de solidariedade se formou em torno da adolescente, que recebeu centenas de doações. Mas enquanto mudanças iam acontecendo em sua vida, o Governo Federal anunciava novos cortes, dessa vez em bolsas de pós-graduação.
Com todas as doações que recebeu, Natália tem garantido o valor equivalente aos quatro anos de bolsa, de R$ 400 por mês, a que teria direito ao entrar na universidade.
Após uma semana, Natália, que ia para a escola caminhando por cerca de 40 minutos, agora tem uma outra forma de chegar até a sala de aula, de bicicleta.
“Há uma semana eu estava sem esperança, e agora estou totalmente feliz com a bicicleta e pensando no tanto de gente boa que tem nesse Brasil, que ainda podemos mudar muita coisa”, disse.
Fantástico: Essa bolsa de R$ 400 pra você é muito importante?
Natália: É muito importante. E eu sei que não é só pra mim. Os alunos do colégio, é importante demais pra eles, pra todo mundo.
Natália contou que está repassando parte do que recebeu das doações para seus colegas, como a Vanessa, que também é medalhista da Olimpíada de Matemática e depende da bolsa para ir para a universidade.
“Fiquei arrasada, muito triste, porque era a garantia do meu sonho de entrar na faculdade, fazer meu curso e mudar minha realidade”.
Como a Natália, Vanessa e sua família moram em uma casa com pouca estrutura e apesar de ter recebido algumas doações, ela ainda está longe de conseguir tudo que precisa.
“Os R$ 100 que eu recebia já era muito dinheiro para mim, o que dirá dos R$ 400, numa faculdade, numa cidade onde a minha vida vai ser totalmente diferente, R$ 400 ia ser muito bom”, disse.
As bolsas da Natália e da Vanessa são financiadas pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) uma instituição ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e nesta semana o dinheiro acabou. O ministro tirou verba de outra área para garantir o pagamento por mais um mês, mas o resto do ano ainda está indefinido.
“Dia 5 de setembro nós pagamos a última parcela que tínhamos recurso. A gente cortou da parte de gestão, de outros gastos para manter as bolsas”, disse Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
O presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) disse que o que está acontecendo com as bolsas não é corte, é um bloqueio temporário.
“Não é corte, é um bloqueio temporário, até que a gente tenha todas as ações do orçamento estabelecidas, garantidas, e elas podem sim retornar, assim que a gente tiver uma visão completa do orçamento, tanto deste ano quanto para o ano que vem”, disse.
*Informações do 18graus.