Autoridades, movimentos populares e sociais estão se organizando para subir o tom da cobrança pela recuperação da rodovia estadual BA-160, entre Ibotirama, Paratinga, Bom Jesus da Lapa e Malhada, caso o governo do Estado não retome o diálogo sobre uma intervenção que possibilite a trafegabilidade nessa via. Está sendo planejada de forma conjunta nas quatro cidades, a interdição da via no próximo mês.
A indignação dos manifestantes encontra combustível na situação precária da BA 160 que já provocou acidentes que tiraram a vida de muitas pessoas. E de acordo com os moradores por conta das “promessas não cumpridas pelo governador Rui Costa”.
A pauta foi colocada durante a reunião que contou com a participação representantes dos movimentos sociais, sindicatos, associações quilombolas, acampamentos e assentamentos, Colônia dos Pescadores, CETA – Movimento de Trabalhadores Rurais Assentados e Acampados da Bahia, Escola Família Agrícola do Sertão do São Francisco, Comissão da BA 160, CONAQ (Conselho Nacional Quilombola), CRQ (Central Regional Quilombola), Quilombos de Malhada, Paratinga e Bom Jesus da Lapa, representantes de transportes alternativos. Além da presença da Dra. Cláudia Costa de Jesus Conrado, da Defensoria Pública do Estado, do prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures Ribeiro, do presidente do Consórcio Velho Chico, Ítalo Rodrigo, o presidente da Câmara de Vereadores de Bom Jesus da Lapa, Miguel Leles, do presidente da Câmara de Vereadores de Paratinga, Aristóteles Gomes(Toge) e do Padre Marcos da Silva, representando a Igreja Católica, que convocou o encontro.
Sentimento de exclusão e retirada de direitos
No trecho Em Bom Jesus da Lapa, município localizado na região do oeste do Estado, a BA 160 corta um trecho com 19 comunidades de maioria quilombola, que convivem com essa situação há mais de quinze anos. Eles retratam um sentimento de perda de direitos, “nem o direito de ir e vir para o povo negro está sendo garantido”, disse um morador presente na reunião.
Durante as falas as representações refletiram sobre a situação da BA-160, seus impactos na vida da população e sobre o “silêncio” do Governo do Estado da Bahia, e traçaram um plano de possíveis articulações e manifestos para denunciar essa realidade, como: campanhas e ações na região que contarão com o apoio tanto da população como do poder público local e com ações integradas entre os municípios de Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, Paratinga e Malhada, como bloqueio das vias que dão acesso a BA-160 a partir do dia 5 de agosto. Sem previsão de desbloqueio; elaboração de vídeos de denúncia da situação da estrada; e reconfiguração da Comissão da BA-160 com entrada dos membros de Paratinga e Malhada.