Em audiência promovida pelo Ministério Público Federal (MPF) em Bom Jesus da Lapa na manhã desta terça-feira (04), na Câmara Municipal de Vereadores, para discutir e viabilizar recomendações sobre ações vinculadas ao acesso a água potável, e sobre a regularização fundiária em assentamentos do interior do município.
Representações do Assentamento 17 de Abril usaram o espaço para denunciar o sofrimento do assentado com o descaso dos poderes constituídos. De acordo com os relatos, as famílias moram no local há 15 anos, ainda debaixo de moradias improvidas com lonas, e sofrem com a falta de energia elétrica, água potável e sem a legalização da área pelo Governo Federal.
Jailma Cardoso Ramos, filha de um dos assentados, usou o microfone para pedir socorro ao Procurador Federal, Adnilson Golçalves da Silva. Afirmando que os assentados não aguentam mais tanto sofrimento. “Tem dia de não ter água nem para beber. Tem dia que das abelhas disputar com nós a água (sic)”, e frisou: (…), eu estou falando de sofrimento, é isso que eu estou falando. Estou falando de pessoas que estão morrendo, pessoas que entram na luta, e que hoje não existem mais. Pessoas que estão ficando pra trás, envelhecendo ali e nada”, afirmou.
Ela lamentou que é triste procurar os órgãos competentes, e não encontrar nenhuma esperança para resolver a situação. “Tenham misericórdia de nós! Vocês que são políticos, que são autoridades representantes aqui, olhem por nós. Nós estamos morrendo ali, são 15 anos debaixo de uma lona; 15 anos. Quero pedir para vocês socorro, essa é a palavra, a gente não aguenta mais passar tanta necessidade. A gente não aguenta mais ter sede e não ter água, a gente quer socorro”, clamou Jailma.
O Assentamento 17 de Abril faz parte de uma área de reforma agraria, uma fazenda que o processo de desapropriação está aberto desde 2004.