Esquecida pelo governo e precária, BA 160 continua causando transtornos aos moradores de comunidades quilombolas de Bom Jesus da Lapa

Há mais de 10 anos o  descaso com a BA 160 segue causando prejuízos e colocado em risco  vida de centenas de famílias que diariamente trafegam pelo local, que é a principal via de acesso de mais de 19 localidades, a maioria quilombolas em Bom Jesus da Lapa.

Com cerca de 150 km de extensão, o  trecho da estrada entre o município de Bom Jesus da Lapa e Malhada, mesmo depois de várias cobranças, e da promessa de cascalhamento pelo governo estadual,  a situação continua inalterada.

Nossa equipe do site Notícias da Lapa andou por alguns quilômetros da referida via, e conversou com pessoas durante o percurso. A equipe flagrou o momento que um ônibus que faz linha para a comunidade de Batalha perdeu um dos pneus traseiros, causando transtorno e medo para os passageiros, que tiveram que descer para ser colocado o pneu de socorro. “Olha, é normal isso aqui, perder um pneu. É muito buraco, e ficamos só no prejuízo”, disse o motorista.

Não é a primeira fez, que ao retornar para as suas casas, passageiros da região das localidades passam por situações como essas. No ano passado, no período das chuvas,  o ônibus que faz o itinerário para o Rio das  Rãs quase caiu em uma ribanceira, quando voltava para a localidade, deixando parte dos passageiros apavorados com o risco de morte. 

“Sabe o que é pior agora? Depois que mandaram passar a patrol em algumas partes dessa estrada, vai ficar bem difícil no tempo da chuva. Antes já atolava, e nas partes que tinha um resto de asfalto equilibrava, mesmo com a buraqueira. Depois que passou a patrol, já teve acidentes, e não resolveu a nossa situação. É um descaso com a gente, parece que essa estrada nunca mais vai ter uma recuperação com asfalto. A gente fica nessa angustia, entra ano e sai ano, e tudo do mesmo jeito”, disse uma senhora.

Um outro senhor afirmou, que estava acreditando que esse ano a BA 160 fosse ser recuperada, já que é um ano de eleição. “Fizemos um movimento aqui, fomos todos lá para Lapa, para frente do aeroporto cobrar do governador a recuperação dessa estrada. Ele garantiu que ia liberar um dinheiro para ajudar. Foi criado uma comissão, para representar a gente, só que não deu em nada. Ninguém sabe mais de nada, o que deu isso. Começaram passar a máquina aqui, e o nosso vereador cobrando. Só que já passou muito tempo, era para sair o cascalhamento logo depois, e nada. Mais uma vez o nosso povo fica esquecido diante dos governantes, que esquecem que aqui mora gente”, lamentou.

Já outro representante destacou, que depois que fez o patrolamento de algumas partes a estrada ficou mais perigosa e vai ser pior no tempo das chuvas. “Aqui já teve dois acidentes, um com um pequeno caminhão, e outro com um carro pequeno. Em vez de melhorar, fez foi ficar pior. A gente não acredita mais que essa estrada vai ser recuperada, depois de tudo, a gente fica mesmo desacreditado”, finalizou.

A BA 160 foi esquecida   há mais de 15 anos, sem nenhuma manutenção, sendo considerada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) por diversas vezes como uma das piores estradas do Brasil.   E mesmo diante de várias manifestações e cobranças, tanto pela população, como pela Câmara de Vereadores de Bom Jesus da Lapa, levando   o governador Rui Costa a anunciar, na visita que realizou a cidade de Paratinga no ano de 2017,  que licitaria a via até o final do referido ano. Já  em 2018,  as comunidades Quilombolas e a Câmara de vereadores continuaram cobrando, mas, sem sucesso.

Na última  visita do governador, no início do mês de junho deste ano a Bom Jesus da Lapa, onde as comunidade Quilombolas fizeram uma manifestação em frente o aeroporto, Rui anunciou a liberação de R$ 600.000,00 para fazer o cascalhamento de uma parte da BA, por meio do  Consórcio Público de Desenvolvimento Sustentável do Velho Chico – CDC VELHO CHICO.

Sem resposta clara do governo para a provável data da liberação da verba, a Comissão da BA 160, representando as comunidades, se reuniu no dia 09 de junho com  CDC VELHO CHICO, para fazer os primeiros encaminhamentos.

No dia 11 de julho,  as representações voltaram a se reunir, dessa vez em Salvador com a presença do  presidente do Consórcio Velho Chico e prefeito de Serra do Ramalho, Ítalo Rodrigo, com Jonas Paulo, coordenador do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia e o prefeito de Ibotirama, Terense Lessa. Mesmo com os encaminhamentos avançando, não foi apresentado pelo governo uma data certa para o início da obra.

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