Espaço do leitor: Atravessador aproveita falta de organização do produtor do Projeto Formoso

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Imagem reprodução

Ainda em processo de organização e com fraco poder associativo, muitos produtores não têm outra alternativa senão se submeterem à política de preços imposta pelos atravessadores no perímetro irrigado do Projeto Formoso “A” e “H”, zona rural de Bom Jesus, considerado pelo IBGE como o maior produtor de banana do Brasil. “Eles pagam, no máximo, R$ 12,00 pelo caixa da fruta, garantindo a lucratividade necessária à cobertura das despesas com a produção, que fica nas nossas costas”, disse um produtor.

Essa é uma das principais reclamações dos produtores do Projeto Formoso, que conversaram com a redação do Site Notícias da Lapa nesta quarta-feira(26), para desabafar e cobrar mais união dos produtores. “Eu posso dizer que estamos vivendo um momento difícil, o custo está alto. Só que você está aqui, vive disso, não pode deixar de continuar produzindo, e precisa acreditar e defender o que é seu. O Projeto Formoso é o que é, porque cada um trabalhou, e superou muitas dificuldades, e essa é mais uma, onde todos precisam entender, que desunidos, só vai ficar pior”.

“Precisamos fortalecer as nossas associações, e decidir uma política de preço, que todos sigam. Porque o cara chega para mim, eu vendo de R$ 12,00, ele vai no outro, que vende de R$ 10,00. Você termina ficando refém, com medo de não vender a sua banana, e com isso todos saem perdendo, porque desvalorizamos nosso principal produto”, disse.

“Muita coisa que acontece no Projeto, a culpa também é do produtor. Se o produtor se sensibilizasse a ter orgulho pelo que faz, pelo que produz, pelo que vende. Ele deveria fazer o seguinte, quando chegasse um atravessador na minha casa, e pagasse uma banana de R$ 12, 00, que eu não vendesse, e ele fosse na casa dele, ele também falasse que não vendia. Mas o que tá acontecendo dentro do Projeto, é o seguinte, o produtor é obrigado a vender de R$ 10,00, porque lá na frente o outro vai vender de R$ 10,00.  Não tem jeito, porque se eu seguro o meu preço, o colega da frente vai vender com o desconto de R$ 2,00. Dessa forma fica difícil, o produtor não tem união, fica parecendo que quer engolir um ao outro. E a realidade é essa. E se você pensar, os travessadores não estão errados não, porque se ele acha de R$ 10,00 ali, e eu estou vendendo de R$ 12,00 aqui, claro que ele vai comprar o mais barato”, destacou outro produtor.

“Nossa situação é séria, pensa bem, você gastar R$ 16,00  para produzir uma caixa de banana, e vender ela por R$ 10,00, é pagar para trabalhar e continuar se enganando, só descendo. Nos devíamos partir pra cima, e juntar a uma Fruta do Oeste, colaborar todo mundo, e fazer sua ‘partezinha’, mas o povo não se sensibiliza também”, frisou.

“A banana deveria ter o seu preço, e o produtor tem que entender isso. A banana é um fruta que não era para ela voltar a menos de R$ 18,00 uma caixa. Para o produtor pagar pelo  menos o que ele gastou pra produzir ela. Eu não sei o que muitos produtores pensam, não sei entender, parece que não faz as contas. Tem produtor aqui no Projeto hoje, que o programador chega, e fala que vai tirar a banana lá, ele não quer nem saber o preço. Se ele não sabe o preço e o atravessador cortou a banana dele, ele paga do jeito que ele quer, é ou não é? Ele já levou, não pode fazer mais nada. Vai pregar a banana no pé novamente? Não! Tem muitos que fala: olha moço, eu não aceitei o preço, ele me pagou, tá bom ainda”, lamenta outro.

A participação dos atravessadores na cadeia produtiva de pequenos produtores provoca uma redução na receita líquida dos mesmos e conseqüentemente o subdesenvolvimento sócio-econômico do produtor do Projeto Formoso, e essa redução é mais grave para pequenos produtores que produzem e comercializam individualmente.