Ato em Bom Jesus da Lapa lembra um mês do crime ambiental de Brumadinho e pede providências em defessa do Rio São Francisco

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DSC_2380Nesta segunda-feira (25) completou um mês do rompimento da barragem I da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). E aproximadamente 3 mil pessoas  em Bom Jesus da Lapa participaram de uma mobilização,  onde foi prestada solidariedade às vítimas da tragédia e em defesa do rio São Francisco. Este mesmo ato público também ocorreu em diversas capitais e cidades do país.

DSC_2512Em Bom Jesus da Lapa, a concentração foi na entrada da  Barrinha, que além do  apoio da população local, contou também com a participação de caravanas de várias cidades da região, saindo em caminhada até o Santuário do Bom Jesus da Lapa.

DSC_2563Durante a caminhada diversas representações fizeram o uso da fala para denunciar o crime em Brumadinho e  suas consequências para o Rio São Francisco. E chamando a atenção para a necessidade  permanente da luta em  defesa do rio. Destacando que além  de todos os sofrimentos que o Velho Chico  já vem sofrendo por conta da poluição, do assoreamento, da retirada das águas dos seus afluentes para servir o capital, ainda sofreu a contaminação, em função das ações irresponsável da Vale.

P_20190225_090216_1_vHDR_AutoSobre a ponte Gersino Coelho, onde os participantes tiveram a oportunidade de visualizar  a situação do rio São Francisco, foram feitas várias paradas simbólicas. “Esse momento é  importante, porque temos  a oportunidade de olhar para o nosso São Francisco. Para dialogar, e entender que precisamos ter contato com esse rio. Porque não podemos separar a nossa vida da vida do nosso Velho Chico. Se ele morrer, a gente também morre junto”, destacou Andreia Neiva, que faz parte da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

DSC_2434“Temos que denunciar não só a Vale, mas esses governantes que defendem a privatização como projeto, e não beneficiar o povo brasileiro. Temos que afirmar e entender que privatizar os nossos recursos naturais, é o mesmo que privatizar as nossas vidas. Porque sem água não tem como viver, por isso precisamos lutar em defesa do rio São Francisco e contra esse modelo de exploração imposto ao nosso povo. Temos que denunciar esse crime da Vale, no entanto, temos que denunciar também o agronegócio, que está matando os nossos rios e nascentes da nossa região com esse modelo de desenvolvimento”, disse Caetano, do Movimento Camponês Popular (MCP).

DSC_2549Já o Padre Marcos chamou a atenção para a necessidade da construção de um pensamento de pertencimento em defesa do rio São Francisco, e destacando que o acontecimento de Brumadinho atinge a todos. “Todos nós somos atingidos com o crime de Brumadinho, porque matou os nossos irmãos. Onde existe um irmão que sofre, nós também sofremos juntos. Precisamos lutar, e ninguém vai nos impedir de cobrar justiça, e gritar, não a morte do rio São Francisco, e não ao crime da Vale. A nossa vida vale muito mais. Precisamos nos apropriar do nosso rio como nossa fonte de vida”, finalizou.

P_20190225_094233No momento em que os participantes da mobilização chegaram  ao Trevo do Cristo, os alunos e professores da rede municipal os aguardavam para fazer parte da caminhada. Onde foi feita uma apresentação teatral. E ao longo da Avenida Manoel Novais foram se juntando ao protesto novas escolas, representadas por seus alunos e direção.

DSC_2647A caminhada foi finalizada no Santuário do Bom Jesus da Lapa com um momento celebrativo.

P_20190225_104216_vHDR_AutoO ato em Bom Jesus da Lapa foi organizado e articulado, com a realização de várias reunões em Bom Jesus da Lapa, pela Brigada Popular em Defesa do Rio São Francisco,  composta pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento Popular pela  Soberania na Mineração(MAN), do Levante Popular da Juventude, da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e representantes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Universidades, Secretaria Municipal da Educação, Maçonarias, Igreja Católica, Sindicato dos Trabalhadores Rurais(STR), Comissão Pastoral da Terra(CPT), Pastoral da Criança, Comunidades Remanescentes de Quilombos (CRQ’s) e  Pastoral do Meio Ambiente(PMA), entre outras entidades. E teve  como objetivo denunciar o crime da Vale e suas consequências para o Rio São Francisco, cujas águas podem ser contaminadas por cerca de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos derramados com o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão. Que de acordo o Movimento dos Atingidos por Barragem(MAB), a contaminação no Velho Chico virá dos metais pesados contidos na lama, que não ficarão alojados na hidrelétrica de Três Marias, podendo causar danos à saúde da população que depende do rio.

Passado um mês da tragédia causada pelo rompimento da Barragem 1 da Vale em Brumadinho (MG), os trabalhos de buscas tentam localizar 134 desaparecidos. O número de mortos chega a 179.

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Dossiê

O MAB publicou nesta segunda-feira (25) um dossiê de 28 páginas com o título “O Lucro Não Vale a Vida”. O material contém uma análise detalhada das causas e impactos do rompimento da barragem.

A partir das 18 horas, acontece uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para discutir a situação das barragens no estado. Participarão representantes de movimentos populares de várias regiões, que exigem planos de segurança e reparação em caso de rompimentos e uma política estadual para os atingidos por barragens.

“Atingidos não são só aqueles que perdem suas terras e suas vidas, como também todos aqueles que de alguma maneira foram afetados pela construção e operação das barragens”, reforça Ortiz.

Em São Paulo, as barragens têm alto potencial de risco, segundo o MAB, e a maioria não tem nenhum tipo de fiscalização governamental – os laudos de segurança emitidos pelas próprias empresas.

De acordo com o MAB, as hidrelétricas de Salto Grande, em Americana (SP), e a de Pirapora do Bom Jesus, no rio Tietê, são as mais preocupantes. Também há barragens de rejeitos com alto potencial de dano e alto índice de contaminação na cidade de Cajati (SP), no Vale do Ribeira, e em Alumínio, e no bairro de Perus, na zona noroeste da capital.