As comemorações em louvor a São José, foram encerradas na noite desta segunda-feira(19), em Bom Jesus da Lapa. Dom João Cardoso, bispo diocesano foi o celebrante. Durante a homilia, ele falou da campanha da fraternidade e do exemplo de São José, para a cultura da paz, e sobre o aumento da violência no Brasil. “Nesse período quaresmal a campanha da fraternidade é posta para nós: é o desafio de superar a violência. Nós vivemos num país muito violento, e nos acostumamos com a violência, e não nos indignamos mais. Os dados do Ipea-Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, dos dados sobre a violência no Brasil de 2014, a morte letal(homicídios), 59.627(cinquenta e nove, seiscentos e vinte e sete) foram registrados, uma população do tamanho de Bom Jesus da Lapa desapareceu em 2014. Em 2015, não foi diferente, um número igual, só com um pouquinho menor, mais também na ordem dos 59 mil.
Ele frisou que Bom Jesus da Lapa está ficando cada dia mais violenta, que não tem nem 100 mil habitantes, e no ano passado registrou 49 homicídios.
“A violência tem saído dos grandes centros e interiorizado, atingido o interior do Brasil; e o Nordeste, juntamente com o Oeste e Centro-Oeste, ficaram mais violentos. Até 1999 a região mais violenta do Brasil era o Sudeste, nessa região a violência diminuiu, no Sul se estabilizou, e no Nordeste aumentou. E o nosso estado, infelizmente, não tem um bom exemplo. Das 30 cidades mais violentas do Brasil, 9 são do estado da Bahia. Dos 304 municípios mais violentos do Brasil, somando com as 9, 17 estão no estado da Bahia. Entre as cidades mais pacifica do Brasil, não aparece nenhuma da Bahia”, Dom João apresentou as estatísticas.
O Bispo disse que a violência saiu dos grandes centros e foi para os lugares menores, e que é preciso entender, para pensar e construir políticas públicas. “A violência se interiorizou, as causas são muitas, as vazes complexas até para se entender. Algumas é possível identificar o tráfico, depois nem todos têm as mesmas oportunidades de trabalho, de emprego e de renda. Uma pessoa desempregada, um jovem ocioso; é perigoso! Fica refém, facilmente ele pode ser vítima do tráfico, especialmente em uma sociedade extremamente consumista, em que apresenta o dinheiro e o consumo como o valor supremo, e os mais jovens são vítimas”, pontuou.
“A violência cresce onde falta as políticas públicas básicas, de educação, de saúde; para assistir especialmente as populações mais carentes. A violência também cresce onde a família falha, infelizmente a crise no nosso país foi altíssima, grande é a crise de valores que nós atravessamos. A mudança de valores no Brasil foi rápida, e a família fica perdida, sem contar das estruturações; quantas crianças que não sabe o que é de fato uma família. Ter uma família incompleta, sem a figura do pai, as vezes só com a figura da mãe, que muitas vezes precisa deixar até os filhos sozinhos para poder trabalhar. E isso traz um dano muito grande. Quantas crianças que não sabe o que é família, que desde cedo tem como família a rua, afirmou Dom João.
“É um desafio para nós; podemos superar a violência? Podemos. Seja em um plano mais macro, que não depende de nós, mais nós podemos provocar para que os governantes façam políticas públicas de segurança, associadas a outras iniciativas de trabalho e geração de trabalho, geração de renda e serviços básicos. Mais há algo que podemos fazer, unir a família e o pessoal, através da educação; que é a educação para a cultura da paz, para a cultura da não violência; isso começa na família. Se na família nós respiramos a cultura da não violência, desde da forma como nós nos tratamos, isso cria um referencial para a pessoa, para a criança, para o adolescente e para o jovem.