As chuvas são para o sertanejo, o quilombola, o homem e mulher rural, sinônimo de esperança e alegria. Com as águas vindas do céu, o verde floresce, os reservatórios são abastecidos e a produção agrícola é mais farta. Costuma ser assim.
Diferente desta descrição, estão os moradores das comunidades às margens da BA-160 em Bom Jesus da Lapa. Por lá quando chove, a rodovia estadual fica interditada e, como já é de se imaginar, provoca nas famílias daquela região uma profunda indignação e sentimento de impotência e descaso. O direito de ir e vir fica cerceado por uma ingerência histórica de governadores que simplesmente abandonaram este trecho.
Com as chuvas desta semana, diversos veículos ficaram atolados sem poder seguir viagem. Carros pequenos, sequer ousaram arriscar ir à Bom Jesus da Lapa.
E mais uma vez a novela se repete, deixando moradores isolados, sem poder ir a cidade para comprar mantimentos, acessar os serviços de saúde, incluindo de urgência e emergência e ainda, estudantes sem poder chegar as suas escolas.
Diversos acidentes já foram registrados nos últimos meses por conta da precariedade da via, que liga Bom Jesus da Lapa a cidade Malhada, passando por diversas comunidades quilombolas.
Moradores relatam que “é triste não poder chegar ao hospital quando se precisa. A saúde é coisa que não pode esperar”.
“Aqui tem gente que não perde a esperança, mas a gente sabe [por conta das promessas não realizadas] que os governantes esqueceram da gente”, lamenta outra moradora.
A licitação para o cascalhamento de 65,5 km da via, já foi homologado. E a empresa vencedora foi a Emprege Construtora Ltda. A população cobra urgência no início da obra, já que os trechos da via onde foi feito o patrolamento ficou pior depois das chuvas.