Moradores ribeirinhos do Baixo São Francisco acusam que redução da vazão do Velho Chico tem prejudicado vida da população

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A redução do volume do Rio São Francisco que decorre da decisão do governo federal de diminuir a água que é liberada pelos reservatórios das usinas hidrelétricas de Sobradinho e Xingó tem afetado a atividade econômica e a população que vive nas margens do rio São Francisco.

A redação da redeGN, fez contato com moradores da região do Baixo São Francisco e a reclamação é geral. Setores como a agricultura, prejudicada pela menor disponibilidade de água para irrigação, a navegação e a pesca têm sofrido prejuízos devido à queda do nível do rio São Francisco.

Pessoas ligados aos Movimentos Sociais acusam que o “governo tem como prioridade a produção de energia elétrica, mas a baixa vazão do rio São Francisco traz graves consequências para a população que depende das águas do Velho Chico”. A situação é crítica nos municípios de Piaçabuçu, em Alagoas e Canindé de São Francisco e Propriá, em Sergipe.

Desde o dia 08 de fevereiro, a Agência Nacional de Águas (ANA), em articulação com o Operador Nacional do Sistema Elétrico, autorizou a redução da vazão que sai dos reservatórios de Sobradinho e Xingó para 800 metros cúbicos por segundo.

“O setor elétrico mantém [muito tranquilo] o domínio das águas do Rio São Francisco desenhado pelo ONS – Operador Nacional do Sistema, onde seu padrão de operações de barramentos, sem restrições, diretrizes ou regras socioambientais concretas, prossegue detonando o que ainda resta do ente chamado rio São Francisco”, acusa reportagem InfoSãoFrancisco.

O Info São Francisco é uma plataforma de notícias e informações utilizando dados e cartografia interativa, para o registro de situações, eventos e quadros positivos e negativos nas transformações situadas no Baixo São Francisco. Carlos Eduardo Ribeiro Junior é o coordenador do Projeto.

“Com a brutal redução de vazão temos um conjunto de problemas deflagrados em todo o Baixo São Francisco. O mais crítico é o acesso à água por parte de populações difusas, sem sistemas adequados de captação e tratamento de água que, sem poder acompanhar ajustes (que implicam em mudança de tubulações, cabeamentos elétricos, busca de local com água de melhor qualidade, sem algas, vegetação e lama) para “seguir” o vai e vem da água, e muitas vezes sem caixas d’água de grande capacidade ou nenhuma forma de acumular o líquido, ficam em situação de vulnerabilidade durante a “vazada” do rio”, aponta  texto.

A reportagem da REDEGN enviou solicitação a assessoria de imprensa da CHESF para que a empresa esclareça as acusações.

Reportagem veiculada no InfoSãoFrancisco, ainda relata que outro ponto a ser considerado é o efeito das variações de grande espectro nas navegações, uma vez que há consideráveis modificações na configuração da calha, comprometendo a circulação de embarcações não só aquelas engajadas em serviços formais concedidos (linhas transversais de travessias, por exemplo, e longitudinais), mas também limitando o direito de ir e vir sem problemas da população que depende de transporte aquaviário (a chamada navegação difusa) para seus cotidianos.

“Ao longo das últimas quatro décadas, o Rio São Francisco vem sofrendo uma série de intervenções, sobretudo a partir dos anos 70, marcados por grandes projetos desenvolvimentistas. A destruição de suas matas ciliares, a poluição – consequência dos efluentes urbanos e industriais – o monocultivo de soja e cana-de-açúcar e os grandes projetos de irrigação contribuem, dia a dia, para sua degradação”.

O rio encontra-se numa péssima situação ambiental. As hidrelétricas existentes foram responsáveis pela remoção forçada de mais de 150 mil pessoas, entre as quais vários povos indígenas, compulsoriamente deslocados; os projetos de irrigação, públicos e privados, ocupam uma área de 342 mil hectares e se expandem através do uso de mãode-obra escrava e degradante8; 500 mil ribeirinho sofrem com a inexistência ou a precariedade do abastecimento de água e falta de saneamento básico; o rio já perdeu 95% de suas matas ciliares e o mar, devido à menor força da vazão o na foz, já avançou 50 km rio adentro.

As informações são do Relatório de Impactos socioambientais da Bacia do São Francisco da Articulação Popular pela Revitalização.

Redação redeGN Foto: Carlos Eduardo Ribeiro Jr. | InfoSãoFrancisco