Diante dos registros de acidentes de trânsito em toda a Bahia e que deixou vítimas desde a última semana, à exemplo da colisão entre um ônibus de turismo e um caminhão ou um acidente próximo ao município de Laje em que matou quatro pessoas a Polícia Rodoviária Federal (PRF), tem reforçado as ações de conscientização aos condutores que trafegam pelas rodovias do estado.
E para falar sobre as ações e destacar a causa do aumento de acidentes, o Acorda Cidade conversou com a Inspetora da PRF, Lívia Marcelino, que justificou sobre o perfil das principais colisões registradas nos últimos dias.
Segundo Lívia Marcelino, o índice de acidentes se dá ao aumento do tráfego de veículos por conta do período de início de ano, como também, da inexperiência de condutores nas rodovias baianas.
“Em relação a esse período específico, dezembro, janeiro, o que a gente observa também é um número aumentado de condutores pelas rodovias, mas, é um perfil diferenciado desse condutor, não é um número apenas de pessoas circulando, mas também tem o perfil das pessoas que não têm muita experiência como o trabalhador que está nas rodovias no dia a dia, às vezes, são pessoas que viajam por conta própria, de férias, viajam anualmente e saem do Sudeste para visitar suas famílias. Então, a gente percebe nessa característica, um fator que aumenta o índice de acidentes. Às vezes, a pessoa não tem essa prática nas rodovias e se sente seguro em fazer uma ultrapassagem por exemplo, então, essa pessoa que já desenvolveu essa consciência, essa sensibilidade para condutas seguras, ela percebe que a visão que aparenta ser em um ambiente tranquilo é confiável para realizar uma manobra, mas ela precisa entender que a faixa ser respeitada”, disse.
Sobre as principais causas dos acidentes nos últimos dias, a inspetora frisou que a ultrapassagem indevida em faixa contínua e a falta de visão do motorista, mesmo ultrapassando na faixa permitida são as razões do aumento das tragédias catalogadas pela PRF.
“Quando a gente fala em ultrapassagem, o código de trânsito traz inúmeras ultrapassagens, mas quando a gente relaciona esses acidentes graves, a gente vê um maior número de ultrapassagem em faixa contínua e também tem o forçar ultrapassagem, que muita das vezes é uma conduta que pode acontecer em uma faixa que se pode ultrapassar, que é quando o condutor ele mede uma forma diferente da realidade a distância que ele está para a distância do veículo que vem em sentido contrário. A faixa é permitida naquele local, mas não tem a visão devida da ultrapassagem, e o condutor que vem em sentido contrário muitas vezes não tem acostamento para se livrar da colisão e acaba acontecendo o acidente. Então, o que dá causa é a falta de atenção devida, às vezes o excesso de pressa. Quando a gente conversa em entrevistas próximos aos feriados, a gente pede cautela e paciência, a gente repete tanto e as pessoas até entendem com um conselho que não precisa ser priorizado, mas, essa ausência de cautela é quem dá causas a essas condutas de risco. Se a gente for analisar, muitas das pressas na nossa vida não fazem sentido, não só no trânsito, às vezes a gente age no automático”, reforçou.
Medidas adotadas
Uma das medidas adotadas para reduzir o índice de acidentes são as fiscalizações. Além de monitorar os horários de maior incidência de colisões, a PRF também realiza ações em rodovias de boa qualidade no piso, já que são os locais onde os condutores tendem a andar em maior velocidade.
“O que a PRF tem feito com muita frequência, são as fiscalizações com focos em ultrapassagens, aqui na região de Feira a gente tem o trecho de Riachão do Jacuípe e Tanquinho que faz parte da nossa delegacia também, que é uma BR que tem uma qualidade melhor e as pessoas se excedem na velocidade e na realização de ultrapassagens indevidas, então, a gente coloca fiscalizações naqueles locais, além de buscar dados anteriores sempre nos períodos e horários em que mais acontecem acidentes graves, tendo causa colisão frontal ocasionada por ultrapassagem para fiscalizar”.
Apesar do trecho que liga os municípios de Riachão e Tanquinho não possuir um grande número de acidentes, a PRF realiza constantes fiscalizações a fim de conscientizar o motorista já que quando os acidentes são registrados, costumam ser em grande proporção.
“A gente observa que lá no trecho entre Tanquinho e Riachão não tem o perfil de um asfalto com buraco como na BR-116 Norte que a gente está sempre conversando com o Dnit buscando melhorias, e os buracos já trazem outro perfil de acidentes. A gente também não observa essa qualidade ruim de asfalto, então as pessoas buscam tirar o atraso nesses locais e isso não é o indicado. Na verdade, a gente não observa uma quantidade grande de acidentes, o que a gente observa, é que quando tem, há uma gravidade maior. Colisão frontal é um acidente que vai ter um agravamento maior, como o de Vitória da Conquista, como o acidente de Laje”, reforçou a inspetora.
Com o objetivo de proteger vidas, a maior dificuldade da PRF na redução de acidentes viários é a conscientização do condutor quanto ao excesso de velocidade. Por isso, de acordo com Lívia Marcelino, as notificações e multas são, muitas vezes, oportunidades para que o motorista reflita no erro em que cometeu.
“O que a gente mais destaca é a sensibilização, em notificar o condutor na abordagem e que não dure só no momento e não sinta só no bolso, mas sentindo, pode fazer com que a pessoa reflita e ela não repita a conduta de risco que levou ela a ser abordada ou a ser notificada. Quando a gente conseguir reduzir isso, vamos conseguir reduzir as mortes no trânsito e proteger mais vidas”.
Tráfico de drogas
Além do trabalho ativo na redução e conscientização aos registros de acidentes, a PRF também atua efetivamente no combate ao tráfico de drogas e armas no maior entroncamento rodoviário do Nordeste, em Feira de Santana. A inspetora finalizou destacando as ações da Polícia Rodoviária também nesta linha de atuação.
“É um trabalho contínuo e todas as ações da PRF são visando proteger vidas, e quando a gente fala em proteger vidas, existem duas vertentes, uma na segurança viária e o combate a criminalidade. Então, temos grupos específicos nas nossas equipes e direcionados para a fiscalização e combate a criminalidade, todos estão formados para todas as coisas, porém temos direcionamentos específicos. Feira de Santana é uma delegacia com uma localização extremamente privilegiada e a gente sabe que o tráfico de drogas da região Sudeste para o Nordeste passa por Feira e temos uma posição privilegiada em relação ao tráfico de drogas, de armas e passagem de veículos roubados, clonados”.