As chuvas que causaram a tragédia na Bahia foram as mais intensas em todo o planeta durante o mês de dezembro, segundo pesquisa da empresa de meteorologia Metsul. O levantamento foi feito com dados da base de monitoramento global de precipitação da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência climática do governo dos Estados Unidos.
Entre os dias 24 de novembro e 24 de dezembro, o mapa de anomalia de precipitação mostra que as áreas do Sudeste Asiático, perto da Indonésia e Papua Nova Guiné, com volume mais abrangente de águas, mas a região da Bahia é a maior do mundo com intensa precipitação.
As intensas precipitações foram causadas pelo fenômeno chamado Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), colossal canal de umidade trazida do mar que “estaciona” sobre determinadas áreas.
“A ZCAS se espalhou pela Bahia, o que é totalmente fora do normal, e despejou aguaceiros numa região cerca de 1.000 quilômetros ao norte da que costuma ocorrer (o Sudeste). E esse fenômeno, que por si só já seria raro, aconteceu duas vezes no mesmo mês”, destacou o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) para o jornal O Globo. A instituição alertou com antecedência de cinco dias sobre o risco de tragédia na Bahia e cuja ação coordenada com a Defesa Civil.
O estado está enfrentando a pior chuva para o mês de dezembro desde 1989. O município que registra maiores índices de precipitação é Itamaraju, no Sul da Bahia, com 769,8mm registrados no mês de dezembro, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o que equivaleria a cinco vezes mais do que a média de precipitação do mês, que costuma ficar entre os 148,0mm.
Segundo dados da Defesa Civil do Estado, o número de mortes na Bahia subiu para 24 na quarta-feira (29). As enchentes ainda deixaram 37.324 desabrigados, 53.934 desalojados e 434 feridos. O número total de atingidos chega a 629.398 pessoas. BN