por Vitor Castro/Bahia Notícia
Desde a primeira semana do mês de março, a região do oeste baiano vem registrando altas significativas na taxa de ocupação de leitos de tratamento intensivo (UTI), destinados a pacientes com a Covid-19. Destacam-se Barreiras e Barra, únicas dentre as 34 cidades que compõem a macrorregião, que possuem leitos de UTI. Enquanto novas unidades não são implementadas, a taxa de ocupação nelas cresce em decorrência dos pacientes que chegam das cidades vizinhas.
De acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), no final do dia desta segunda-feira (15), a região oeste conta com 115 leitos ativos e 81 pacientes internados. Quando analisada a taxa de ocupação de leitos de UTI, a região, com 92% de taxa de ocupação, supera o estado que está em 82% de taxa de ocupação em UTIs.
Ao Bahia Notícias, o secretário de Saúde de Barreiras, Melchisedec Neves, explicou que além dos pacientes munícipes, Barreiras recebe doentes de toda a macrorregião. “Se incluirmos a microrregião da Bacia do Rio Corrente, saltamos para 36 cidades. Isso chega a um total de um milhão e meio de habitantes, e a principal cidade é Barreiras. Então a maioria das demandas convergem para cá”, disse.
Sediado na cidade, o Hospital Geral do Oeste (HO), maior da região, conta com 30 leitos de UTI, dos quais 27 estão com pacientes, representando 90% de ocupação. Já os clínicos são 12, com ocupação em 33%. “Estávamos com nossos indicadores em declínio, tínhamos tomado uma série de medidas no enfrentamento à pandemia junto ao estado como o fechamento da rodoviária e do SAC. No primeiro momento fechamos o comércio e depois iniciamos a retomada escalonada e planejada. As medidas deram resultados por um período”, disse.
No entanto, de acordo com o secretário, a partido do momento em que o estado teve de remanejar alguns pacientes de outras regiões para o município, os números começaram a subir. “Somos solidários com as pessoas que estão enfrentando o mesmo drama, mas a crítica que faço é no sentido de que outras regiões poderiam ter adotado medidas de precaução para que suas populações pudessem ser assistidas. Houve recursos federais, muitos [municípios] acabaram recebendo o bônus e transferindo o ônus para outros. Jamais iríamos negar socorro e sonegar vagas, daí o estado fez essa transferência para cá e acabou impactando nos indicadores de ocupação de leitos”, justificou.
A cidade chegou a receber pacientes de outros estados como Goiás e Tocantis, o que também teria contribuído para a alta dos números. Tentando sanar a escassez de leitos, a gestão se reuniu na segunda-feira (8) com o governador Rui Costa para propor alternativas. “Nós temos ainda uma possibilidade de ampliação de 10 leitos de UTI no HO. Hoje há uma grande dificuldade de se conseguir novos leitos por conta da falta do tanque de oxigênio, mas no HO esse problema está equacionado porque existe um tanque. Então, além de 30 leitos de UTI já existentes lá, há essa capacidade de ampliação no curto prazo para mais 10, indo para 40 leitos”, disse.
O secretário relatou que o município chegou a contratar dez leitos no hospital particular Central, mas através de um acordo feito com Ministério Público, o estado acabou requisitando as vagas para regulação. “O prefeito propôs ao governador que nos ajudasse nessa possibilidade da ampliação dos dez leitos no HO e também que o estado nos ajudasse em uma negociação que temos em andamento com o Hospital Central. A prefeitura banca esses dez leitos e tem essa possibilidade de ampliação de mais 10. O governador ficou de estudar e dar uma resposta até a terça-feira (9), mas até agora essa resposta não veio”, disse.
O site entrou em contato com a Sesab e questionou se o governo do estado pretende implementar novos leitos de UTI nas cidades de Barreiras e Barra, mas até o fechamento dessa matéria, não obteve resposta.
A reportagem também entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura de Barra – única cidade além de Barreiras, que também conta com leitos de UTI na região oeste – para entender o porquê da elevação na taxa de ocupação de leitos, e quais alternativas pensadas pela gestão para sanar a falta, mas até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. Na cidade, a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 90%. Já os clínicos somam 80%.
Desde o início da pandemia até essa segunda-feira, a prefeitura de Barreiras teve 9.850 casos confirmados, 113 óbitos e 9.560 recuperados. Já a cidade de Barra registrou 1.332 casos, 21 óbitos e 1.273 recuperados.