Após três reduções seguidas, o número de brasileiros com dívidas voltou a crescer no último mês de 2020, informou nesta quarta-feira (06) a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
A Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) de dezembro apontou que 66,3% dos consumidores estão endividados, uma alta de 0,3 ponto percentual em relação a novembro. Na comparação com o mesmo período de 2019, o índice registrou aumento de 0,7 ponto percentual.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o crédito deve ganhar destaque na retomada da economia em 2021. “É importante não somente seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas para mitigar o risco da inadimplência no sistema financeiro”, disse Tadros.
Ele ressaltou que grande parte do crédito ofertado durante a pandemia de Covid-19 foi concedido com carência nos pagamentos e deve começar a vencer no início deste ano.
Em relação à renda, as trajetórias do endividamento passaram a apresentar tendências semelhantes em dezembro. Entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, o percentual subiu para 67,7% do total, após três reduções consecutivas. Para as famílias com renda acima de dez salários, o indicador aumentou para 60%.
Segundo a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, com o fim do auxílio emergencial, as famílias de menor renda que recebiam o benefício precisam adotar maior rigor na organização dos orçamentos domésticos. “O crédito pode voltar a funcionar como ferramenta de recomposição da renda, ainda no contexto de incertezas sobre a evolução do mercado de trabalho”, afirmou.
Inadimplência em queda
Apesar da alta do endividamento, os consumidores continuam conseguindo quitar débitos e compromissos financeiros. O total de famílias com dívidas ou contas em atraso apresentou a quarta redução consecutiva, caindo de 25,7%, em novembro, para 25,2%, em dezembro. Na comparação com igual mês de 2019, a proporção cresceu 0,7 ponto percentual.
Segundo a CNC, a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permanecerão inadimplentes, teve nova retração, passando de 11,5% para 11,2%. Em dezembro de 2019, o indicador havia alcançado 10%.
Com relação aos tipos de dívida, a proporção de brasileiros que utilizam o cartão de crédito voltou a crescer, alcançando 79,4% das famílias – a maior taxa desde janeiro de 2020 – e mantendo-se como a principal modalidade de endividamento. Além do cartão de crédito, o cheque especial também aumentou a sua participação entre as famílias endividadas.