Nesta semana foi publicado no periódico Historical Biology o primeiro caso de câncer em um mamífero extinto não humano do Quaternário, período geológico conhecido popularmente como “era do gelo”, onde viveram preguiças gigantes, mamutes e mastodontes, tigres dentes-de-sabre e toda uma fauna peculiar de grandes mamíferos.
O tumor foi encontrado no fêmur direito de um exemplar de preguiça da espécie Nothrotherium maquinense, do Quaternário brasileiro. Era uma preguiça de porte pequeno a médio, alcançando cerca de um metro e meio de comprimento, um animal terrícola, ou seja, caminhava no chão e não subia em árvores. A espécie foi coletada na Lapa dos Peixes I, uma caverna localizada no planalto da Serra do Ramalho, na região da Bahia. O fóssil encontra-se no Museu de Ciências da Terra (MCTer), do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), no Rio de Janeiro.
A doença encontrada é um osteossarcoma parosteal, um tipo de câncer ósseo. Isso indica que o indivíduo sofria de dores locais, inchaço localizado e limitação dos movimentos articulares, o que teria sido extremamente prejudicial para sua vida. No entanto, não é possível afirmar se o animal morreu em decorrência do câncer ou por uma queda acidental na caverna, embora mais de 90% dos pacientes humanos com osteossarcoma não tratado morrem com metástase pulmonar.
Mesmo que as neoplasias (tumores) sejam reconhecidas em quase todos os animais, este é o primeiro relato desse tipo de câncer ósseo no registro fossilífero.
A pesquisa foi efetuada por: – Fernando H. de S. Barbosa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
– Kleberson de O. Porpino, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
– Bruce M. Rothschild, Museu Carnegie de História Natural (Pensilvânia, EUA)
– Rafael Costa da Silva, Museu de Ciências da Terra (Serviço Geológico do Brasil – CPRM)
Domenico Capone, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
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A matéria é de Letícia Peixoto da Assessoria de Comunicação do Serviço Geológico do Brasil – CPRM.