Em São Desidério, Bolsonaro assina termo para Exército tocar obras de lote da Fiol

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Informações do Jornal A Tarde.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, estiveram nesta sexta-feira, 11, em São Desidério, no oeste da Bahia, para a assinatura de um termo de parceria entre a estatal Valec e o Exército para obras de um lote da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), cuja conclusão deveria ter ocorrido ainda no primeiro governo Dilma. Será a primeira vez, desde 1995, que um batalhão de engenharia assume uma obra ferroviária.

Completa, a ferrovia terá cerca de 1.527 km e ligará o futuro Porto Sul, em Ilhéus, à cidade de Figueirópolis, no Tocantins, com investimento estimado de R$ 8,9 bilhões. A previsão é de que a ferrovia comece a operar na Bahia em 2024, segundo o ministro.

Em entrevista, o titular da Infraestrutura afirmou que a pasta usará “planejamento e criatividade” para que as obras avancem, independentemente do cenário de crise. “Perceba que, mesmo em cenário de restrição fiscal, estamos viabilizando a contratação de cerca de R$ 40 bilhões no setor ferroviário e a maior parte disso virá por meio do investimento privado. Estamos, por exemplo, usando a renovação antecipada de contratos existentes para, além de aperfeiçoar esses contratos, usar a outorga como investimento cruzado no setor”, diz.

Para exemplificar, Tarcísio cita a renovação da Ferrovia Vitória-Minas pela Vale. “Em vez de usarmos a outorga gerada para aportar recursos no Tesouro, criamos uma obrigação para que a própria empresa construa a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste para o governo, além de comprar trilhos para a Fiol. Vamos ganhar uma ferrovia nova com toda a eficiência e facilidade da iniciativa privada, sem precisar usar recursos do Orçamento e ainda acelerar a compra do material rodante necessário para este segundo trecho da Fiol”, afirma.

Segundo o ministro, o mesmo mecanismo é estudado para a renovação da Ferrovia Centro-Atlântica. “Vamos colocar como obrigação para o concessionário que, em vez do pagamento da outorga, ele entre como construtor privado na conclusão de trechos da Fiol 2 e já viabilizar a Fiol 3, que vai ligar Barreiras à Ferrovia Norte-Sul, criando três saídas portuárias, em Ilhéus, Itaqui e Santos, para toda o agronegócio do Centro-Oeste e do oeste baiano”, completa.

O governo planeja conceder ainda este ano à iniciativa privada o trecho 1 da Fiol (lhéus-Caetité), mas depende de parecer do Tribunal de Contas da União (TCU). A empresa vencedora do leilão precisará concluir as intervenções e iniciar a operação. Já o trecho 2 (Caetité-Barreiras) encontra-se com 39% das obras executadas. É nesse trecho que está o lote 6, de aproximadamente 18 km, cujas obras serão tocadas pelo Exército. O trecho 3 da Fiol, de Barreiras a Figueirópolis, ainda está em fase de estudos e projetos.

A expectativa é de que as obras do lote 6 durem dois anos, segundo o general Júlio César de Arruda, chefe do departamento de Engenharia e Construção do Exército.

“Hoje é o dia que marca o retorno do Exército brasileiro às obras ferroviárias. Depois de mais de 20 anos, o Exército, que sempre trabalhou com muito profissionalismo e dedicação, volta a fazer ferrovia, a contribuir para colocar o Brasil nos trilhos. A Fiol é uma das obras mais importantes do Brasil e, sem dúvida nenhuma, a mais importante da Bahia. É progresso na veia”, declarou o ministro, na solenidade.

Em seu discurso, Bolsonaro relembrou o investimento massivo em rodovias, citando o ex-presidente Juscelino Kubitschek, e disse que “pouca gente pensou em investir em ferrovias” no Brasil após a crise do petróleo nos anos 70. “E nós, antes de investir massivamente, optamos por terminar as obras já começadas. Isso demonstra que temos zelo pelo recurso público”, declarou.

Em São Desidério, e também em Barreiras, Bolsonaro, sem máscara, cumprimentou apoiadores, que formaram pequenas aglomerações.

Ele chegou pela manhã no Aeroporto de Barreiras e seguiu de helicóptero até a localidade de Estiva, a cerca de 40 km de São Desidério, onde ocorreu o evento, com a presença de pouco público, representado principalmente por lideranças dos produtores rurais.

O trecho, que será executado pelo 4º Batalhão de Engenharia de Construção (4º BEC) com apoio de outras organizações militares, é o mais atrasado da ferrovia que vai ligar o oeste da Bahia ao Porto Sul, para facilitar o escoamento e exportação da produção mineral do Sudoeste, e de grãos do Oeste.

O atraso é atribuído aos problemas internos da empresa que ganhou a licitação para executar as obras, mas pediu recuperação judicial, desencadeando um problema que ainda corre na Justiça.

Ao retornar de helicóptero para o aeroporto de Barreiras, Bolsonaro fez uma parada não prevista no estádio municipal de São Desidério, onde novamente cumprimentou a população sem observar as recomendações de distanciamento social. Em Barreiras, antes de embarcar no avião que o levou à capital federal, o presidente mais uma vez cumprimentou e fez fotos com simpatizantes.

Escoamento – A produção de minérios e grãos, duas atividades que dependem de um bom sistema de transporte para receber insumos e escoar seus produtos, são os dois segmentos que mais tem cobrado a conclusão da ferrovia, iniciada em 2011, com previsão inicial de estar pronta em 2014.

De acordo com o presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) Celestino Zanella, a conclusão da Fiol é apenas uma das reivindicações da classe. Ele salientou que o único modal para escoar a safra é o rodoviário, com estradas nem sempre satisfatórias, o que onera o custo e reduz a competitividade.

“Nosso principal entrave é a logística de escoamento, que só é mais barato que avião”, reforçou o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão Bahia (Abapa), Júlio Busato.