Ministro da Defesa avalia reação a fala de Gilmar Mendes sobre “genocídio”

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Azevedo (foto) afirmou estar “indignado” com o que ele considera serem “acusações levianas” do ministro do Supremo
Foto: Marcello Casal Jr./ABr

O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, disse que avalia junto aos comandantes das Forças Armadas e à AGU (Advocacia-Geral da União) medidas que podem ser tomadas em reação ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.

O ministro Gilmar Mendes disse que o Exército está se associando a um “genocídio”, em referência à crise sanitária instalada no País em meio à pandemia de Covid-19, agravada pela falta de um titular no Ministério da Saúde.

Azevedo afirmou estar “indignado” com o que ele considera serem “acusações levianas” do ministro do Supremo. Há 59 dias sem um titular na Saúde, o País já acumula mais de 71,5 mil óbitos e 1,8 milhão de contaminados. Depois das saídas dos médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, o general Eduardo Pazuello – militar da ativa especializado em questões logísticas – assumiu interinamente o ministério.

Foi na gestão de Pazuello que o Ministério da Saúde mudou a orientação sobre o uso da cloroquina, passando a recomendar o medicamento desde o início dos sintomas do novo coronavírus. A droga, no entanto, não tem a eficácia comprovada pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Atualmente, ao menos 20 militares, sendo 14 da ativa, ocupam cargos estratégicos no Ministério da Saúde.

Azevedo afirmou que “está avaliando junto com os comandantes de força a situação, considerando todos os aspectos”. Os comandantes e Azevedo passaram o domingo conversando por telefone para traçar uma estratégia de reação à fala de Gilmar. Não está descartada a possibilidade de o governo acionar a própria Justiça para cobrar uma retratação de Gilmar.

O ministro da Defesa já trabalhou no STF como assessor especial do presidente da Corte, Dias Toffoli. A primeira reação a Gilmar veio no próprio sábado, com a divulgação de uma nota em que o Ministério da Defesa afirma que as Forças vêm “atuando sempre para o bem-estar de todos os brasileiros” e elenca uma série de medidas que têm mobilizado militares, como barreiras sanitárias e ações de descontaminação.

Gilmar não quis se manifestar ontem sobre a reação dos militares. Em sua conta pessoal no Twitter, o ministro disse que não se furta a “criticar a opção de ocupar o Ministério da Saúde predominantemente com militares”. “A política pública de saúde deve ser pensada e planejada por especialistas, dentro dos marcos constitucionais. Que isso seja revisto, para o bem das FAs (Forças Armadas) e da saúde do Brasil”, escreveu.