Exclusão do Brasil da lista de países em desenvolvimento dos EUA não gera impacto imediato, dizem especialistas

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A medida é mais um capítulo da guerra comercial entre o governo de Donald Trump e a China Foto: Joyce N. Boghosian/The White House

A retirada do Brasil da lista de países em desenvolvimento dos Estados Unidos não tem efeitos imediatos para a nação sul-americana e é mais um capítulo da guerra comercial empreendida pelo presidente Donald Trump contra a China, avaliam especialistas.

Na segunda-feira (10), o Departamento de Comércio dos EUA revisou uma legislação interna de 1998, retirando o status de países em desenvolvimento de 24 nações, incluindo Brasil, China, Singapura, África do Sul, Índia, Colômbia e Argentina.

O sócio da consultoria Barral M Jorge, Welber Barral, explica que a alteração trata somente de medidas compensatórias, como subsídios de governos a exportações, por exemplo. Quando um país considerado “em desenvolvimento” é acusado de subsidiar exportações, ele tem prazos maiores para responder a um processo.

Com a retirada desse status, portanto, os EUA facilitam o caminho para eventuais investigações. “Porém, neste momento, a medida não muda nada para o Brasil, já que os EUA não têm nenhum processo contra o País no que diz respeito a medidas compensatórias. Só com relação a antidumping, mas isso não se enquadra na revisão que foi feita nesta segunda”, esclarece Barral.

Carlos Gustavo Poggio, professor do curso de Relações Internacionais da FAAP, lembra que o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu a abrir mão do tratamento preferencial na OMC (Organização Mundial do Comércio) em troca do apoio de Trump para ingressar na OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Por conta disso, o governo brasileiro já não tem solicitado tratamento preferencial nas negociações de comércio. “Se o Brasil quer entrar na OCDE, fica cada vez mais difícil se colocar como um país em desenvolvimento e pedir tratamento preferencial”, reforça.