O ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendeu ontem a ausência de questões sobre a ditadura militar no Brasil na última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Pela primeira vez em dez anos, o tema não foi abordado na prova. Segundo o ministro, o objetivo do teste “não é polemizar” e a questão da ditadura não está “pacificada”.
Questionado sobre a ausência do assunto no exame, o ministro citou Cuba e Venezuela. “Para mim, ditadura é isso, uma situação muito pesada. Como aqui no Brasil existe ainda uma coisa não pacificada de como foi o período do regime militar, e o objetivo do Enem não é polemizar, o banco examinador resolveu não colocar. Não é para ter questão polêmica.”
No ano passado, a gestão Jair Bolsonaro criou uma comissão para inspecionar questões do Enem, com o objetivo de fazer varredura de conteúdos com “abordagens controversas” e “teor ofensivo”. Foram barradas 66 perguntas do banco de itens do ministério, segundo balanço da própria pasta, mas o conteúdo dessas questões nunca foi revelado. Desde 2018, Bolsonaro tem criticado um suposto viés ideológico do teste.
Ontem, o ministro apresentou os resultados do último Enem. No total, 53 candidatos tiraram avaliação máxima na Redação (mil pontos) e 143,7 mil receberam tiveram nota zero – 3,9 milhões fizeram o exame.
Em Matemática, a média geral foi de 523,1 (em uma escala de zero a mil). Em Linguagens, foi de 520,9. Nas áreas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza, as médias foram de 508 e 477,8, respectivamente.
Digital
Weintraub ainda dobrou para 100 mil o número de candidatos que poderão fazer, de modo experimental, o exame pelo meio digital este ano. Até então, o teste digital seria feito com 50 mil estudantes. A meta da pasta é fazer uma transição gradativa para a nova versão até 2026, com a extinção da prova em papel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.