Que os interesses de prefeitos e sindicatos são diferentes, ninguém discorda. Mas quando essa relação prejudica os interesses dos cidadãos, que também são servidores públicos e suas famílias, aí algo precisa ser revisto. Porque, a depender da proporção desta animosidade, recíproca ou não, pode causar prejuízos incontáveis a uma cidade inteira, já que boa parte da economia local gira em torno dos salários desses servidores.
O caso que trataremos aqui vem da cidade de Carinhanha, no Oeste da Bahia, há 900 quilômetros da Capital, cuja população é de quase 30 mil habitantes e tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado.
Na pequena cidade, o atraso no pagamento do 13º salário dos servidores municipais tem causado a indignação da categoria. Ainda mais porque o prefeito carinhanhense Geraldo Pereira Costa, apelidado de Piau, que não pagou esse direito dos servidores em 20 de dezembro do ano passado, justificou mais um atraso no pagamento e colocou a culpa no sindicato dos servidores públicos o SINSPUC.
Segundo o prefeito afirmou na emissora de rádio FM da cidade, “o sindicado, como eu disse, não ajuda, só atrapalha. Porque nós fizemos esse compromisso de pagar dia 10 [o 13º salário] , se o recurso entrar, mas ai eles [SINSPUC] já entraram na justiça. E ai agora, o juiz foi lá na prefeitura e me falou que nós temos 72 horas pra responder a justiça, então agora nos vamos aguardar essa decisão ai”.
Os servidores de Carinhanha ainda estão sem receber o valor corresponde ao 13º salário, cujo prazo legal venceu no dia 20 de dezembro. O Município alegou falta de recursos. Mas de acordo com servidores, o próprio prefeito já havia comparecido na emissora Pontal FM e disse que pagaria na sexta-feira (03) ou na terça-feira (07), o que não ocorreu. Professores aguardam os 50% restantes do benefício e as demais categorias esperam o pagamento integral.
Até o fechar desta matéria, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos, Lucas Nascimento não havia se pronunciado sobre a fala do prefeito. Uma outra dirigente, disse que não poderia falar em nome do presidente, mas assegurou que “essa fala do gestor não condiz com a verdade. Já que a ação judicial é uma medida preventiva para garantir o direito. Se o prefeito quiser pagar hoje, pode pagar, nada impede. Ele está querendo colocar os servidores contra o sindicato. O nosso sindicato já está praticamente de portas fechadas”, disse.
“O que nós vamos ter que responder à justiça, por que nos não pagamos antes? porque não tinha o recurso. Já tive dizendo várias vezes, o sindicato só atrapalha. Porque eles sabem muito bem que não foi pago por que não tinha recurso (…) Quando eu abro a boca pra falar alguma coisa eu cumpro ela”, rebateu o prefeito.
A entrevista foi concedida a emissora Pontal FM, durante a edição desta quinta-feira (09) do Jornal da Pontal que é apresentado ao meio-dia pelo radialista Júnio Guedes.
O espaço está aberto para a manifestação do presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Carinhanha.
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