O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o compromisso do Brasil com o Acordo de Paris foi a “verdadeira mudança” na fase final das negociações pelo acordo de livre-comércio firmado entre a União Europeia e o Mercosul.
Depois de mais de 20 anos de negociações, os dois blocos anunciaram na sexta-feira (28) a conclusão das tratativas, fortemente comemoradas pelo governo brasileiro.
“A verdadeira mudança na fase final de negociação [do acordo da União Europeia com o Mercosul] foi a afirmação clara pela qual o Brasil se comprometeu com o Acordo de Paris e com a luta pela biodiversidade”, disse Macron em entrevista durante a cúpula do G20, em Osaka.
Durante a entrevista, ele disse que o comprometimento brasileiro com o tema foi feito a ele pelo próprio presidente Jair Bolsonaro. Os dois se reuniram na sexta (28) durante o G20.
“O presidente Bolsonaro me confirmou o seu compromisso, ao contrário das preocupações que se podia ter, com o Acordo de Paris e com a luta pela biodiversidade. Estamos comprometidos com o acompanhamento desses compromissos”, disse.
Ao comentar o acordo da União Europeia com o Mercosul, Macron disse que essa foi a primeira vez que questões ambientais estão explícitas em um tratado comercial.
Dias antes do início da cúpula do G20, o francês ameaçou não levar adiante as negociações se o Brasil não se comprometesse a permanecer no acordo climático.
Ao ser questionado sobre o tema, Bolsonaro disse em entrevista que “no momento” o país permanecerá no Acordo de Paris.
Ele disse que acredita que não será possível cumprir a meta de reflorestamento imposta pelo acordo climático ao Brasil.
“A gente não tem como cumprir, nem que pegue agora 100 mil homens no campo e comece a reflorestar a partir de agora até 2030.”
O fim das negociações entre a União Europeia e o Mercosul foi comemorado pelos líderes dos dois blocos em pronunciamento conjunto no G20.
O presidente argentino, Maurício Macri, durante o G20 disse que os blocos trabalharam “muito e com muita vontade” para transformar o acordo em realidade. “Vai fortalecer o crescimento da região, não só pelo comercio, mas pelo fluxo de investimentos”, disse.
Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, referiu-se à conclusão das tratativas como “momento totalmente histórico”.
“Em meio a tensões comerciais internacionais, hoje estamos enviando um forte sinal junto com os parceiros do Mercosul, de que estamos a favor do comércio baseado em regras”. (Folhapress)