A desigualdade no mercado de trabalho brasileiro alcançou o maior nível em pelo menos sete anos, segundo estudo do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). O índice de Gini, que mede a concentração e a desigualdade de renda do trabalho, alcançou 0,627, o maior patamar da série histórica iniciada em 2012, quando o índice era de aproximadamente 0,608. Quanto mais perto de 1, maior é a desigualdade.
De acordo com o pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, Daniel Duque, a desigualdade da renda subiu quando se analisa a renda individual do trabalhador e também a renda por domicílios.
O estudo da FGV mostrou ainda que o aumento na renda dos mais ricos e a queda na renda dos mais pobres é uma constante na crise econômica, considerando o período desde 2015. A variação acumulada real da renda média entre os mais ricos (10% da população) e os mais pobres (40% da população) mostra que, até 2015, os mais ricos tiveram aumento real de 5%, e, os mais pobres, de 10%. Depois disso, a renda acumulada real dos mais ricos aumentou, 3,3%, e a dos mais pobres caiu mais de 20%.
Observando-se a série histórica, desde 2012, a renda real acumulada dos mais ricos aumentou 8,5%, e a dos mais pobres caiu 14%.
O pesquisador Daniel Duque afirma que os mais pobres sentem muito mais o impacto da crise em razão da vulnerabilidade social. “Há menos empresas contratando e demandando trabalho, ao passo que há mais pessoas procurando. Essa dinâmica reforça a posição social relativa de cada um. Quem tem mais experiência e anos de escolaridade acaba se saindo melhor do que quem não tem”, explica.