Fonte: BNews.
A água escura com odor desagradável. Há tempos esta é a realidade que cai das torneiras das residências de Sítio do Mato, município localizado no Vale do São Francisco. O problema parece ter se incorporado ao cotidiano dos munícipes, apesar de, segundo os relatos, adultos, crianças e idosos apresentarem desconfortos como vômitos, diarreia e febre alta – que teriam sido provocados pelo consumo do bem natural.
Procurados pela reportagem, alguns moradores da cidade de 12 mil habitantes confirmaram o problema. “A situação está precária. Tem uma bomba que colocaram no meio da lagoa. A água é toda poluída e parada. Não tem tratamento e é essa água que o pessoal da cidade está consumindo”, afirma o morador Jurandir Ferreira Costa, 36 anos. Segundo ele, a água é utilizada diariamente para consumo e higiene. “Quem tem condição de comprar um filtro, daqueles sofisticados, compra e ameniza, mas quem não tem bebe assim mesmo”, revela.
A comerciante Ailin Lopes, 47, conta que uma das alternativas é recorrer a garrafões de água mineral. “A água está péssima. Ficou ruim, depois tentaram melhorar, agora veio como se tivesse carniça na água. Aqui na cidade a gente está comprando água mineral. A situação é muito crítica”, classifica.
A água consumida na cidade é oriunda da lagoa Boca da Barra. Na região também passam dois importantes rios: o Corrente e o São Francisco. O abastecimento da cidade é disponibilizado pela Prefeitura de Sítio do Mato, por meio do Serviço de Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).
A água consumida na cidade é oriunda da lagoa Boca da Barra. Na região também passam dois importantes rios: o Corrente e o São Francisco. O abastecimento da cidade é disponibilizado pela Prefeitura de Sítio do Mato, por meio do Serviço de Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).
O problema da água que chega às torneiras de Sítio do Mato entrou na pauta da Câmara de Vereadores local. No dia 7 de dezembro, a vereadora Gláucia Nunes (PT) encaminhou à Agência Nacional de Águas (ANA) um abaixo-assinado com aproximadamente 3 mil assinaturas denunciando o aumento na taxa de consumo e pedindo a retirada da bomba da lagoa. O documento ainda sugere que a captação passe a ser feita no Rio São Francisco.
Também procurada, Gláucia Nunes apontou descaso do Executivo municipal. “Eles não estão se preocupando, nunca deram a mínima. Já pedi ao Ministério Público que solicitasse a análise de qualidade da água”, diz, ressaltando que a ausência de promotor de Justiça na cidade retarda a ação. A Promotoria mais próxima fica em Bom Jesus da Lapa, a cerca de 70 quilômetros de Sítio do Mato.
Os moradores da cidade também vêm denunciando o problema através das redes sociais. Vídeos feitos nas residências e na lagoa são compartilhados com frequência. Em uma das filmagens publicadas no Facebook, um munícipe mostra a área da lagoa e relata casos de animais mortos na localidade.
“Não é perseguição ao prefeito (Alfredo Magalhães Júnior – PDT), mas a gente quer que melhore a qualidade da água por causa da saúde das pessoas. Queremos uma água de qualidade”, apela o presidente da Associação Evangélica Beneficente, Ramilton Santos Landin, também procurado pela reportagem. Ele afirma que muitos moradores apresentaram dor de barriga por causa do consumo da água.
De acordo o BNews, o jornal busca esclarecimentos, desde terça-feira (11), contato com a gestão municipal, mas as ligações não foram atendidas.