Ocupar um cargo público ainda é, em tempos de crise, um grande atrativo devido à estabilidade e à remuneração prometidas. Alan Vinícius, fundador da Acerte Concursos, curso preparatório em Salvador, vê esse cenário com frequência: muitos na escola buscam na carreira pública estabilidade financeira e salários que não encontram no mercado privado.
Com a maioria dos alunos entre 25 e 40 anos, o coordenador pedagógico acrescenta que, “apesar de muitos acreditarem que o pessoal do direito é a maioria, temos também vários profissionais da enfermagem e fisioterapia”. Ele pontua que, embora tenham nível superior, diversos alunos se inscrevem em concursos de nível médio, pois mesmo esses podem ter salários que chegam a R$ 6 mil.
A busca pela estabilidade financeira foi o que motivou a assistente administrativa Priscila Trindade, 24, a escolher a carreira pública. A estudante, que é formada em design, chegou a buscar atuação na área, mas se prepara, atualmente, para dois concursos: um de nível médio e um superior.
No caso de Camila Vasconcelos, advogada de 24 anos, a decisão também teve “alguma porcentagem de vocação. A carreira no Ministério Público da Bahia, que é o meu objetivo, oferece mais oportunidades de trabalhar com defesa do consumidor, que é uma área que me interessa”, diz.
Filipe Medina, 30, procurador do trabalho há um ano, também escolheu a carreira pública por vocação: “Eu nunca me identifiquei com a advocacia e tinha interesse no combate ao trabalho escravo, na erradicação do trabalho infantil”, diz. Entre o fim da faculdade e a aprovação, levou cinco anos se preparando.
Segundo Alan Vinícius, apesar das reformas trabalhistas e previdenciárias, “ainda há uma vantagem enorme na carreira pública, que não foi tão afetada”. A Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac) prevê, para 2017, o surgimento de 110 mil vagas públicas no país, incluindo as de reserva.
Preparação e coach
Camila chega a estudar nove horas por dia e também já contratou serviços de coach – experiência que ela avalia como positiva, apesar de cara: “É bom para quem ainda está sem direcionamento ou disciplina. Quando você aprende os métodos, não precisa mais”, pondera. Ela acredita que o ideal é partir para as questões de simulados.
Medina, por sua vez, é enfático na necessidade de planejamento e acredita que o que importa não são as horas estudadas, mas o conteúdo aprendido. “A pessoa tem que identificar a melhor forma de estudar, porque cada um leva um tempo diferente para aprender. Nunca medi estudo em horas”, afirma. Alan Vinícius conclui que, apesar de o cursinho não ser essencial, ele “fornece ferramentas e técnicas de estudo que o aluno poderia não ter sem”. (A Tarde)