No Dia do Combate ao Câncer de Mama, precisamos falar sobre a doença

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Precisamos falar sobre câncer de mama. De acordo com dados da Estimativa 2018 – Incidência de Câncer no Brasil, estudo publicado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), este ano deve fechar com 59.700 novos casos da neoplasia em mulheres, um percentual de 29,5% do total de cânceres diagnosticados, sem contar os de pele não melanoma. Só no Centro-Oeste, 4.200 mães, filhas e netas terão recebido a notícia até o fim de 2018.

Apesar de ser uma mazela comum e de haver chances reais de cura se diagnosticado cedo, passar por um câncer de mama é desafiador. É uma doença que mutila. Muitas vezes leva os cabelos, os seios, a força, a autoestima e a esperança. Em alguns casos, a vida – a enfermidade é responsável pelo maior número de mortes por câncer na população feminina brasileira, com 12 óbitos a cada 100 mil mulheres. E a incidência só tende a crescer.

“É um fenômeno que acontece por uma série de fatores, entre eles, o aumento da longevidade (a idade tem relação com a proliferação anormal de células), o fato de as mulheres estarem tendo filhos mais tarde e em menor quantidade (a amamentação possui efeito protetor) e o estilo de vida marcado por sedentarismo e obesidade”, explica a doutora Fabiana Tonelotto, mastologista do Inca.

Cerca de 90% dos casos de câncer de mama não têm relação com fatores genéticos: acontecem espontaneamente ou pelo estilo de vida da paciente, e a tendência é que, com a prosperidade da economia, a quantidade de pessoas atingidas aumente. “Quanto maior o desenvolvimento do país, maior a incidência. Além do aumento da expectativa de vida, o consumo de alimentos industrializados e a falta de exercícios físicos são mais comuns nos grandes centros urbanos”, completa.

O nutrólogo Allan Ferreira, diretor clínico do Instituto Brasiliense de Nutrologia (Ibranutro) e médico do Grupo Santa, conta que dietas ricas em verduras e legumes, grãos e frutas, quando acompanhadas da redução na quantidade de alimentos industrializados, bebida alcoólica e carne vermelha, podem ajudar a prevenir a doença. “Mas, nos tipos de câncer associados a mutações genéticas herdadas da família, a neoplasia pode se desenvolver mesmo que a pessoa adote uma vida saudável”, alerta.

E, embora o autoexame seja importante, mulheres acima dos 50 anos precisam fazer acompanhamento médico com mamografias regulares, mesmo sem sintomas aparentes ou nódulos nos seios. Às vezes, o caroço é tão pequeno que não forma volume suficiente para ser percebido pelo toque. “O câncer de mama é curável, mas depende do tamanho e de quão cedo foi descoberto. É um tipo de doença que costuma ser assintomática”, explica Rafael Botan, oncologista do Grupo Santa e membro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO).

Antes da menopausa, a mamografia não funciona muito bem (a mama é muito densa) e a ultrassonografia mamária, um exame acessório, pode ajudar no diagnóstico. É importante também prestar atenção em secreções com ou sem sangue saindo do mamilo, alterações nas auréolas e nódulos nas axilas. O câncer de mama se apresenta frequentemente em dois picos etários: um aos 42 anos e outro aos 58.

A editora-chefe do Metrópoles, Maria Eugênia Moreira, encontrou um caroço no seio durante o banho, em 2006, e foi diagnosticada com câncer de mama. Não deixou de trabalhar e só revelou o problema a uma pessoa até fazer a cirurgia e receber o resultado da biópsia. Hoje, ela explica que a doença nunca deixa o paciente.

Sempre fica um medo. Meu pai falava que o câncer é algo adormecido dentro da gente, mas devemos dar a cara a tapa para a vida. Tomei a decisão de não esmorecer

Maria Eugênia Moreira, editora-chefe do Metrópoles. Informações do Metrópoles.