A Câmara Municipal de Vereadores aprovou, por unanimidade, o reajuste salarial dos servidores efetivos de cargo de nível superior de Bom Jesus da Lapa, nesta quinta-feira(11). O Projeto de Lei nº 1.354/201, de autoria do Executivo, estabelece alta de 7% nas remunerações, exceto os servidores da educação.
Para os servidores da saúde, que acompanharam atentamente a votação do projeto, o aumento de 7% não resolve o problema da categoria. “Esse projeto que a gente veio reivindicar hoje a aprovação, não vai resolver o nosso problema, pode ser um paliativo, mas não resolve o principal problema, que é a defasagem nos nossos salários”, afirmam.
De acordo a farmacêutica bioquímica, Raxsandra, chefe do Centro de Especialidades Médicas(LACEN) de Bom Jesus da Lapa, que passou a ser servidora pública do município, através do concurso do ano de 2000, a situação da categoria é muito séria, por não estar sendo valorizada como deveria. “Eu tenho 18 anos de servidora pública, e meu salário, quando eu entrei, tinha o poder de 20 horas, de quatro salários mínimos. Já hoje, houve uma defasagem tão grande, que não vale um salário mínimo minhas 20 horas. Então, a gente tá aqui só pela atualização e correção dos nossos salários, a gente não está aqui para desmerecer nenhuma categoria”, frisou.
“Todo mundo tem direitos, mas o nível técnico, ele foi reajustado, de acordo com o salário minimo, já o nosso, não aconteceu reajuste nem pelo salário mínimo. De forma nenhuma foi reajustado. Então, a nossa defasagem é infinitamente maior que outros servidores, não que a gente pense que eles não mereçam o reconhecimento. Sabemos que todos precisam ser reconhecidos, diante da função que cada servidor exerce, independente do grau de formação. Porque essa situação, nossa, está desestimulante, com as condições que a gente trabalha hoje”, destacou a farmacêutica.
“A gente precisava de um plano de cargos e salário. Eu sou servidora há 18 anos, e eu tenho direitos adquiridos, já fiz algumas pós graduações, e eu não sou reconhecida por nada disso. Eu não sou valorizada por isso. Então é muito desmotivante, porque a gente mexe com gente, com saúde. E a gente para cuidar do outro tem que tá bem, e a gente não está bem, a gente está insatisfeito, a gente está doente”.
Raxsandra lembra que ela e mutos dos seus colegas tiveram que sair da cidade para estudar fora, enfrentando muitas dificuldades, para poder voltar e trabalhar no lugar que nasceu, no entanto, depois de tanto esforço, não recebem o devido reconhecimento. “Eu sai daqui de Bom Jesus da Lapa quando na região não tinha faculdade, tinha que ir para São Paulo ou Minas, e morar bem longe daqui. E eu escolhi uma profissão que eu pudesse voltar para minha cidade. Tenho minha família aqui, é uma cidade que eu gosto, que eu nasci. Então, eu almejei uma profissão que eu pudesse voltar e contribuir com o meu lugar. Agora com essa insatisfação que a gente vive hoje, essa contribuição não está sendo efetiva, porque eu não estou satisfeita com isso. Porque uma profissão que eu escolhi não está me trazendo satisfação pessoal, diante da falta de valorização”, lamenta.
“E essa situação acontece com nossa categoria toda. Eu sou farmacêutica, só que acontece a mesma coisa com as enfermeiras, com os dentista. Todas as categorias que foram fazendo concurso ao longo do tempo. Eu que fiz concurso em 2000, pior, só que tem os outros concursos que estão defasados”, finalizou.